O estado de Mato Grosso do Sul apresentou redução dos índices de homicídio contra mulher, e ocupa nono lugar em ranking dos estados com as menores taxas. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 61 mulheres foram vítimas no estado em 2017. De acordo com o Atlas da Violência de 2019, houve diminuição de 9% das mortes registradas em um comparativo entre 2007 e 2017, data que marca o início do estudo. A análise realizada pelo Instituto coletou dados de todo o país com objetivo de gerar discussões sobre a violência.
No Brasil, foram registrados 13 assassinatos por dia, um total de 4.936 homicídios femininos, maior número contabilizado desde 2007. De janeiro a agosto deste ano o estado registrou 1.381 casos de violência física contra mulheres, se somadas, as agressões totalizam 2.062 mil casos. As informações fazem parte do Sistema de Notificação e Agravos de Notificação (Sinan).
A professora do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Katarini Miguel explica que os dados podem ser questionados devido a agressões não denunciadas.“Nós não podemos fechar os olhos, tem a questão da subnotificação, nem tudo é devidamente comunicado, como o crime de feminicídio, uma lei recente, difícil de ser enquadrada”.
No mês de agosto, a Lei nº 11.340/2006 completa 13 anos e é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a terceira melhor lei do mundo no combate à violência doméstica. Conhecida como Lei Maria da Penha, garante proteção às mulheres contra qualquer tipo de agressão, seja física, psicológica, patrimonial ou moral.
O Ciclo da Violência, criado pela psicóloga norte-americana Lenore Walker, define que os episódios de violência doméstica são divididos em três fases distintas. Na primeira fase o agressor age de maneira tensa e irritada, os picos de raiva são marcados por situações banais, e a vítima é humilhada e ameaçada. Na segunda fase, Ato de Violência, o agressor perde o controle e transforma a sua tensão em agressões físicas, psicológicas, morais e patrimoniais a vítima. A terceira fase do ciclo é a Lua de Mel, o agressor se arrepende, torna-se amável e diz que vai mudar.
A psicóloga social da Subsecretaria de Políticas Públicas para a Mulher (Semu), Márcia Paulino explica que o ciclo da violência é apresentado durante a triagem na Delegacia da Mulher, momento em que a vítima se identifica e entende o contexto violento que está inserida. A psicóloga ressalta que a Casa da Mulher Brasileira é uma conquista das políticas públicas para mulheres. O projeto com atendimento humanizado é pioneiro no país e conta com oito delegadas que se revezam 24h por dia.