SEGURANÇA

Taxa de homicídio diminui 28,9% em Campo Grande

Segundo Atlas da Violência, capital é a que mais reduziu a taxa de homicídios por 100 mil habitantes

Ana Beatriz Rigueti, João Lucas e Marco Antônio31/08/2019 - 21h12
Compartilhe:

A pesquisa "Atlas da Violência – Retrato dos Municípios Brasileiros 2019"  aponta Campo Grande como a segunda capital do país com o menor número de homicídios a cada 100 mil habitantes. O relatório feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) contabiliza o número de ocorrências em 2017 e indica que Campo Grande apresenta 18,8 homicídios a cada 100 mil habitantes, atrás de São Paulo, com 13,2. O estudo, publicado dia 5 de agosto, registra que a capital foi a que mais obteve redução na taxa de assassinatos entre 2016 e 2017, com variação de -28,9%, seguida de Cuiabá com -26,3% e Brasília com -22,4%. 

De acordo com o advogado criminalista e diretor da Escola Superior de Advocacia de Mato Grosso do Sul (ESA/MS), Ricardo Pereira a diminuição do número de homicídios é explicada a partir da soma de diversos fatores. "Eu não acho que uma medida pontual foi a suficiente para trazer a diminuição do número de homicídios. Quando se trata de segurança pública, é o conjunto, o contexto. Não existe solução fácil para problema difícil. A questão da segurança pública vai desde a mobilidade urbana, iluminação, transporte público, saúde, educação, cultura. Tudo isso somado às medidas centradas como aumento do número de policiais, inteligência da polícia, uma resposta mais efetiva do poder judiciário na questão de resolução de homicídios".

O secretário municipal de Segurança e Defesa Social, Valério Azambuja afirma que a maior presença policial na rua com a chamada ronda "permanente" é uma das ações implementadas que podem ter contribuído para a diminuição dos homicídios. "Com isso você leva a uma redução de diversos tipos de crimes, entre eles a redução do crime de homicídio. Acontece uma sequência de crimes que se você puder abordar, fazer essa contenção na parte preventiva, encaminhar para a polícia judiciária do estado, você reduz essa taxa naturalmente".

Valério Azambuja também ressalta a forma como o estudo é feito e afirma que os dados são importantes para a segurança pública. "Todo ano eu mando estatística nossa para Brasília. Eles pegam esses dados, compilam e fazem esse estudo das mortes. Esse estudo vem sendo feito ao longo do tempo conforme a diretriz que a ONU estabeleceu no pós-guerra onde a cada 100 mil habitantes você tem x número de mortes, sendo importante para verificar a capacidade do estado de lidar com o crime".

O sociólogo e professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Ricardo Cruz defende que a diminuição dos homicídios deve ser estudada a partir de um sistema de fatores para que a taxa não volte a crescer. "Esse é um fenômeno muito complicado que envolve políticas públicas, questões demográficas, fatores econômicos, sazonais, que precisam de um estudo sociológico aprofundado para entender essas diferenças. São diferentes causas, algumas foi uma questão demográfica, uma nova obra que surgiu, pessoas que migraram, uma transformação gigantesca na demografia, transformações das mais variáveis possíveis".

Ricardo Cruz acredita que a diminuição da violência necessita de uma discussão sobre a cidadania e o espaço público (Foto: Ana Beatriz Rigueti)

Cruz afirma que para garantir índices menores de violência é preciso promover transformações em âmbito social. "É bacana que a gente viva em uma cidade que tenha um número de homicídios menor, mas aqui é Brasil e se a gente não pensar nacionalmente a gente nunca vai resolver o problema. Uma mesma cidade que apresenta um indicador x, cinco, dez anos depois o indicador muda bastante".

Segundo o criminalista Ricardo Pereira a frota policial aumentou e diversas políticas devem ser implementadas para que a cidade avance na diminuição da criminalidade. "Precisamos de uma série de fatores, primeiro o crescimento do país, a geração de emprego, a presença do Estado nas áreas em que ele se faz necessário como saúde, educação, cultura, lazer. Uma educação de tempo integral para que o jovem não tenha tempo ocioso para entrar no mundo da criminalidade. E um trabalho de inteligência da polícia pois hoje a questão da nossa criminalidade está ligada ao tráfico de drogas".

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também