A vacina contra dengue, Dengvaxia, disponível nas clínicas particulares de Campo Grande nos valores de R$ 320 e R$ 370, está sem previsão para ser distribuída nos postos de saúde. De acordo com o assessor de imprensa da Secretaria do Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES/MS), Jefferson Gonçalves, a ausência da vacina na rede pública do Sistema Único de Saúde (SUS) aumenta a incidência de casos da doença. Em Campo Grande são 300 casos por 100 mil habitantes.
A vacina, produzida pelo laboratório francês Sanofi Pasteur, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no dia 25 de julho. De acordo com o laboratório, a taxa de proteção da doença é de 65%, nos casos graves supera 80% e nas hospitalizações, 93%. A vacina será aplicada em três doses com um intervalo de seis meses para a segunda e de um ano para a terceira. A faixa etária contemplada vai dos nove até os 45 anos, não recomendada para os grupos de risco. Segundo o pediatra Alberto Jorge Félix Costa, “a vacina é contraindicada em gestantes, nas faixas etárias não contempladas, nos quadros de febre e também em pessoas imunocomprometidas, que possuem doenças graves, ou fazem quimioterapia”.
O médico plantonista da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Alexandre Abreu afirma que a principal consequência da falta da vacina nos postos de saúde é o aumento do número de casos graves e taxas de mortalidade. “Quanto maior o número de pessoas imunes à doença, que vão ter contato com o vírus, mas não adquirir a doença, ia diminuir o número de casos de atendimentos e poderíamos dar mais atenção aos casos graves. Isso seria uma medida boa para saúde pública”.
O Ministério da Saúde é o órgão responsável pela compra das vacinas e disponibiliza de forma gratuita para a população de todo o Brasil. Os estados também possuem autonomia para obter e distribuir a imunização. De acordo com o pediatra Alberto Jorge Félix Costa, a Dengvaxia “equivale ao preço das vacinas de pneumonia, meningite, existentes há muitos anos no mercado”.
A SES/MS divulga, semanalmente, uma planilha simplificada das notificação dos casos de dengue nos municípios. Em Campo Grande, a incidência é de 3.326,6 casos. De acordo com a planilha divulgada pela prefeitura, Mato Grosso do Sul teve aumento de mais de 11.800 casos de dengue em 2016.
Para o médico Alexandre Abreu, existem outros métodos eficazes de prevenção, “o bom investimento de acabar com o mosquito, diminuir essa transmissão, é o esforço maior. Porque o mosquito transmite três doenças Zyka, Chikungunya e Dengue. A vacina diminui um terço do problema”.