ALIMENTAÇÃO

Altos índices de obesidade infantil mostram a necessidade de cuidados com a alimentação

O consumo de alimentos calóricos e industrializados contribuem para o aumento de peso

Erika Rodrigues e Gisllane Leite19/11/2015 - 19h10
Compartilhe:

Pesquisa realizada pela Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) e divulgada pelo Ministério da Saúde em 2015 mostra que Campo Grande é a capital que apresenta maior índice de obesidade do país, 56% da população está com sobrepeso. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticatica (IBGE) mostram que uma em cada três crianças brasileiras entre cinco e nove anos está acima do peso. Em 1989, 13% dos brasileiros nesta faixa etária tinha mais gordura corporal do que deveria.

Em Campo Grande, a Lei Municipal 4.992, de 2011 proíbe a venda de alimentos como doces, frituras e alimentos gordurosos nas escolas públicas e particulares. A infância é o período de formação de hábitos alimentares que terão influência na escolha por alimentos durante toda a vida. A obesidade infantil ocorre quando uma criança está acima do peso para sua idade e altura. O excesso de peso pode causar complicações para as crianças até a sua vida adulta, mesmo que a obesidade seja revertida, doenças como diabetes, hipertensão arterial e colesterol alto são algumas consequências que podem se tornar permanentes.

A alimentação é um dos fatores responsáveis por esta mudança. Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que 32,3% das crianças menores de dois anos tomam refrigerante e suco industrializado e que 60,2% deles consomem biscoitos recheados e bolos prontos. A nutricionista Lwana Mancini fala que os principais erros alimentares estão relacionados a falta de rotina, exagero na quantidade de doces, consumo de industrializados como iogurtes com sabor e enlatados,  comer em frente à televisão. Lwana diz que “a responsabilidade maior é dos pais, a criança por si só não vai ter uma alimentação irregular. Os pais são exemplos, por isso devem se alimentar bem, eles são como um espelho para as crianças. Eles devem estabelecer uma rotina fazendo com que elas se alimentem no horário, não dando bobeiras entre as refeições. Devem oferecer sempre alimentos saudáveis como verduras e legumes e explicar a importância de se ingerir aquilo e evitar os alimentos industrializados”.

A estudante de Direito, Gabriela de Almeida começou a oferecer alimentação sólida para sua filha, de nove meses. Ela diz que mesmo com a rotina atribulada de estágio e faculdade oferece alimentos saudáveis para a bebê, que ainda mama. “Frutas e verduras sempre estão na alimentação, ela come bem. Doce somente de vez em quando, mas balas ela ainda não experimentou. Além disso, evito dar coisas industrializadas prefiro oferecer alimentos que faço em casa”. Ela diz que foge da rotina alimentar em algumas ocasiões. “Ela toma bastante do nosso suco, que é adoçado. Ela também experimentou sorvete, só para não ficar com vontade”.

A professora do curso de Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, (UFMS)  Karine Freitas, diz que hoje há uma grande oferta de alimentos “Hoje nós temos uma indústria de alimentos forte, que é convidativa, porque ela oferece alimentos práticos, prontos, rápidos e o pior, muito saborosos. Se você não tentar formar um bom hábito, a criança vai ter interesse por aquele excesso de açúcar, de gordura, de sal, que tornam aquele alimento mais atrativo, principalmente para as crianças". Ela também ressalta a importância dos pais imporem limites na hora da alimentação das crianças, o livre acesso a determinados alimentos estimula a má alimentação.

A gestora de recursos humanos Ivonete Lima, mãe de uma menina de sete anos, concorda que oferecer alimentos saudáveis para as crianças nas escolas contribui para manter os bons hábitos. Quando notou que sua filha estava acima do peso procurou orientações do pediatra e mudou o cardápio. "Parei de comprar bolachas recheadas, sucos de caixinha e limitei os doces. Ela nunca tomou refrigerante, o que já ajudou muito. Além disso agora só consome leite com achocolatado light somente pela manhã, o lanche da escola é cuidadosamente preparado". Acredita que com a mudança nos hábitos alimentares da filha houve uma melhora no seu desenvolvimento fisiológico e na autoestima. "Antes ela engordava e não crescia, agora o crescimento está normal, além disso incentivei a prática de exercícios de forma lúdica, como pular cordas e natação."

Serviço

A UFMS oferece à população atendimento ambulatorial gratuito, todas terças-feiras das 13 as 17 horas, na pediatria do Hospital Universitário (HU), com atendimentos individualizados e hora marcada. Desenvolve também ações de reeducação alimentar com projetos nas escolas municipais, estaduais, particulares e Centros de Educação Infantil (Ceinfins). O Hospital Universitário está localizado na Avenida Senador Filinto Muler, 1, no bairro Pioneiros. O telefone para contato é o (67)3345-3001.

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também