O Centro de Estudos em Células-Tronco, Terapia Celular e Genética Toxicológica (CeTroGen), localizado no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (HUMAP-UFMS), é pioneiro no desenvolvimento de dois novos tratamentos para a prevenção da obesidade. Os pesquisadores João Pesarini e Laynna Schweich discutem a possibilidade de intervenção, por meio de terapias, com o uso suplementar das vitaminas A e D, para induzir a morte de células que armazenam gordura. Ambos têm orientação da coordenadora clínica do laboratório, professora doutora Andréia Antoniolli, e do coordenador técnico, professor doutor Rodrigo Oliveira.
Segundo o biomédico e pesquisador de doutorado do Programa de Pós-graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste da UFMS (PPGSD), João Pesarini a relação entre a vitamina D e a obesidade é conhecida há mais de dez anos. Inicialmente, ela era considerada uma vitamina que tinha apenas relação com a saúde óssea. “Hoje, a gente sabe que o hormônio ativo dela tem relação com diferentes órgãos e pode alterar a função de vários tecidos do organismo humano, inclusive o tecido adiposo. Esse hormônio pode promover a morte celular de células de gordura, que nós chamamos como adipócitos e, dessa forma, a gente pode mitigar e reduzir o resultado da obesidade, que é o ganho de peso e ganho de massa adiposa”.
Pesarini estuda a vitamina D desde 2011. (Foto: Adrian Albuquerque)Pesarini começou a se dedicar à prevenção da obesidade em 2011, durante o curso de mestrado em Biologia Celular e Molecular na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Para o cientista, o intuito inicial da pesquisa era procurar uma substância que fosse natural e que se pudesse obter de forma endógena, ou seja, que se origina no interior de um organismo, produzida pelo próprio corpo humano. “É válido ressaltar também que a obesidade nem sempre foi considerada uma doença. Acredito que a partir do momento que foi considerada, na época, a gente teve a ideia de começar a pensar em alguma coisa para que a gente pudesse criar alternativas mais baratas para ajudar, por exemplo, o Sistema Único de Saúde (SUS)”. A sua proposta é fundamentada pelo uso generalizado da vitamina D no organismo, de modo sistêmico.
A fisioterapeuta e também pesquisadora de doutorado do PPGSD, Laynna Schweich ingressou ao CeTroGen em 2015 e deu continuidade às pesquisas sobre a obesidade. O estudo baseia-se no ácido retinoico, substância derivada da vitamina A. “Essa vitamina foi descoberta há mais de 20 anos e já é comprovado na literatura a relação dela entre a suplementação e a diminuição de peso, melhora na resistência à insulina e, de modo geral, na vida do animal que utiliza a administração por via oral. Porém, nenhum estudo ainda tinha feito essa análise desde o início, desde quando essa célula se desenvolvia”.
A pesquisadora afirma que a ação do ácido na célula de gordura tem um papel de inibição. “A intenção do meu trabalho então foi ver tudo desde o comecinho, desde a célula-tronco antes dela se transformar nessa célula que vai virar gordura. A gente testou várias doses na célula-tronco, que foi retirada da gordura do paciente, pegando aquela sobra da lipoaspiração”.
Células animais cultivadas em placas de vidro. (Foto: Lucas Castro)A análise é feita com células-tronco isoladas, cultivadas in vitro - observação em placas de vidro - com a presença do ácido retinóico em incubadoras que simulam o ambiente perfeito para que as células completem o seu ciclo e se desenvolvam. “A gente concordou que o ácido consegue, digamos, diminuir mais as células-tronco por morte celular programada e não a gordura. Então, seria um trabalho preventivo, pois a gente conseguiria trabalhar antes delas se tornarem a gordura em si. E daí a opção foi via subcutânea, uma aplicação local no tecido, diminuindo a quantidade de gordura localizada”.
De acordo com Oliveira é interessante que, além dos exercícios físicos, de tudo o que é recomendado por nutricionistas para melhorar a qualidade de vida do paciente, ele tenha uma condição de tratar esse aumento indesejável da gordura. “A gente em nenhum momento vai falar para o paciente deixar de praticar exercício e só fazer o uso do medicamento. Nós queremos que, juntamente com tudo que é prescrito, inclusive a prática de exercícios físicos, o paciente tenha outras alternativas”.

Os pesquisadores João Pesarini e Laynna Schweich. - (Foto: Gabriela Coniutti)
Reprodução de dados obtidos pelo Vigitel/Ministério da Saúde.




