O projeto “Desenvolvimento de peptídeos terapeuticamente eficazes para o tratamento de infecções bacterianas sistêmicas” desenvolve novos antibióticos para combater as chamadas “superbactérias” que, atualmente, resistem aos medicamentos existentes no mercado. O projeto é realizado desde junho de 2016 por uma equipe de 18 pesquisadores da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Universidade Católica de Brasília (UCB), do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade Colúmbia Britânica (UBC). Os cientistas têm como objetivo a obtenção de moléculas com maior atividade antibacteriana e menos efeitos tóxicos para os seres humanos. Em Campo Grande, as análises são realizadas no Laboratório de Microbiologia S-Inova Biotech da UCDB, coordenado pelo professor Dr. Octávio Franco.
O foco de estudo do grupo é a análise de Peptídeos Antimicrobianos (PAMs), compostos formados pela união de moléculas de aminoácidos e presentes em todos os organismos vivos, que possuem alto potencial de defesa contra infecções bacterianas e que podem ser modificados por meio de computadores tem como finalidade gerar terapias mais eficazes. O resultado mais promissor mostra que a manipulação de peptídeos tem potencial terapêutico para agredir microrganismos infecciosos capazes de desencadear infecções graves como pneumonia e meningite.
De acordo com a doutora em Biologia Molecular Maria Ligia Macedo a resistência bacteriana é um fato e a forma de se combater essa alta resistência está no cuidado diferencial no uso dos antibióticos. “A cada cinco ou 10 anos, a indústria farmacêutica tem que inovar com novos bactericidas, novos compostos antibacterianos por causa da resistência das bactérias. Então, o ser humano vai ter que conviver com as bactérias e com essa resistência eternamente. Com isso, é necessário se fazer um tratamento alternativo. A partir daí, começa-se a procurar outras formas de combater essa super-resistência, que não está, necessariamente, ligada ao desenvolvimento de novas drogas”.
Para a especialista, as bactérias começam a ficar mais fortes a partir do momento em que são agredidas sucessivamente pelo uso de medicamentos. “Quando a bactéria é submetida a um estresse pelo uso excessivo de antibióticos. Com isso, esse microrganismos são colocados em contato com o que se quer combater, só que a cada dia que passa o homem tem mais infecções. Quanto mais infecções, mais medicamentos. Com mais medicamento, cria-se a possibilidade de ter uma bactéria super-resistente”.