SAÚDE

Parto Humanizado aumenta em Campo Grande

Prática busca retomar no parto antigos costumes familiares com o mínimo de intervenções médicas

Gabriela Galvão e Gabriella Fernandes 5/05/2015 - 07h16
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A escolha pelo parto humanizado aumentou no último ano depois que o procedimento foi popularizado e incentivado pelas redes de apoio à gestação. Segundo a médica ginecologista e obstetra, Paula Lidiane Possette Carvalho, a procura pela humanização do parto aumentou no último ano em Campo Grande. fato também foi percebido pela representante da Artemis no Mato Grosso do Sul, Camila Zanetti organização nacional que defende a autonomia feminina e combate à violência obstétrica, 

O parto humanizado é um processo, não é um tipo especifico de parto ou uma forma de parir, que envolve desde o acompanhamento com mãe e a criança na gestação até o pós-parto. A humanização do parto acontece quando a mulher tem os seus direitos preservados e não sofre violência obstétrica. O parto humanizado também pode ser uma cesariana, desde que seja respeitada a vontade da mulher.

Luana Chadid, 24, é mãe de uma menina de oito meses chamada Céu, ressalta que conheceu o processo de humanização do parto por uma amiga. Ela desconhecia o assunto, pensava que o parto humanizado era para classe econômica privilegiada. Luana relatou que, “depois da conversa com minha amiga, eu já comecei a pesquisar na internet. Eu pensava que era coisa de rico, que o médico cobrava mais para atender um parto, mas não, eu percebi que é possível sim, até pelo SUS.”

Chadid reforça a importância do trabalho das doulas na gravidez, pessoas que acompanham a gestante nos meses que antecedem e no trabalho de parto. Ela reforça que, “é muito além de ser uma massagista ou uma acompanhante de parto, a doula dá apoio psicológico, e fica o tempo inteiro falando ‘você vai conseguir sim, seu corpo foi feito para isso’, porque tem um momento no parto que você acha que vai morrer. Elas não fazem nenhum procedimento médico, somente psicológico e massagem”.

O parto da filha de Luana Chadid foi humanizado, natural na banheira, sem intervenção medicamentosa. Chadid ressalta,  “ ainda, tem muito caminho pela frente. Aqui em Campo Grande deve ter só uns cinco médicos que fazem parto humanizado. Nos hospitais, tem só um particular que faz parto na banheira.”.

A médica obstetra Paula Carvalho, reforça que apesar da dificuldade para desmistificar o parto humanizado para as pessoas, a adequação dos hospitais aconteceu em Campo Grande no último ano. Para a médica,  a estrutura de atendimento e de treinamento da equipe do Hospital Universitário (HU) é a mais humanizada e a Maternidade Cândido Mariano está com um quarto com banheira para realização do parto.

Vídeo médica – humanização de atendimento

A médica cita o atendimento humanizado na medicina como importante para todos os casos, não só no parto. A escolha de cada mulher, segundo Paula Carvalho, depende das indicações obstétricas. Para ela, “um parto com ou sem intervenção, de cócoras ou na água, variam conforme o estado clínico da paciente, a gestação, o histórico da mulher”.

O parto humanizado ganha espaço na sociedade e grupos como o Aldeia Materna surgem como uma alternativa para a mulher buscar conhecimento. Ele é uma rede de apoio que auxilia desde a gestação da mulher até a criação dos filhos, aborda diversas temáticas da vida da mulher como mãe.

O Aldeia Materna mantém iniciativas, como o Grupo de Apoio à Maternidade Ativa da Aldeia, Gamaal, que aborda temas como o parto, pós-parto e gestação. O grupo se reúne mensalmente e nas reuniões, ajuda as mulheres a conhecer assuntos relacionados a gestação.

Camila Zanetti é ativista da humanização do parto, representante de Artemis e uma das coordenadoras da Aldeia Materna. Zanetti relata que já conseguiram promover audiências sobre o assunto e que organizaram, junto a Aldeia, um seminário de assistência sobre o parto. Para ela, a humanização é “evitar procedimentos desnecessários no atendimento ao parto, porque parece que a classe médica se esqueceu que a cesariana é uma cirurgia de médio risco e que deve ser um procedimento alternativo ao parto quando necessário, e não um atendimento prioritário ao parto normal”.

Segundo Zanetti, o aumento do número de mulheres que procuram pelo parto humanizado aumentou, tanto nas reuniões do Gamaal, como na procura pelas doulas, "tinha doulas que tinham três pacientes ao ano e hoje tem cinquenta.". Camila Zanetti critica a má assistência ao parto normal, que resulta em violência obstétrica e traumatiza muitas mulheres.  Para ela, “humanizar o parto é retirar a violência, e você só retira a violência quando humaniza o atendimento”.

Chadid relata como foi o nascimento de Ceú

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