SAÚDE

Boletim epidemiológico registra aumento de 47% no número de casos de sífilis na capital

Secretaria Municipal de Saúde Pública realiza ações de prevenção da sífilis em escolas de Campo Grande

Jéssica Fernandes, Lyanny Yrigoyen e Monique Faria16/10/2018 - 21h27
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A Secretaria Municipal de Saúde Pública de Campo Grande (Sesau) registrou 1.489 casos de sífilis na capital este ano, de acordo com dados do boletim epidemiológico divulgado em setembro. Desse total, 393 notificações foram registradas em gestantes. O número representa um aumento de 47% em relação ao período de janeiro a setembro do ano passado, que teve registro de 1.011 casos. Em outubro, a Sesau realiza ações nas escolas e postos de saúde para combate e prevenção da sífilis e sífilis congênita.

A sífilis é uma doença bacteriana transmitida por meio de relações sexuais ou transfusões de sangue. Segundo a médica infectologista do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Priscilla Alexandrino o aumento do número de casos ocorre devido à falta do diagnóstico. “As pessoas não diagnosticaram, não procuraram assistência à saúde e não fizeram o tratamento”.

De acordo com a Dra. Priscilla Alexandrino, o Ministério da Saúde divide os sintomas da doença em duas fases, uma recente e uma tardia. “Geralmente através de relações sexuais, o indivíduo se contamina e apresenta, cerca de 14 dias após o contágio, uma úlcera única e limpa, na região genital, e que vai cicatrizar, mesmo sem tratamento. Após isso, o indivíduo pode ficar, cerca de 10 a 15 anos, sem nenhum sintoma. E na fase tardia, o indivíduo pode ter problemas na Aorta, sistema vascular muito importante, e problemas neurológicos”.

O diagnóstico da doença é realizado nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e em postos de saúde. O exame sanguíneo tem resultado imediato e é sigiloso. A sífilis congênita é transmitida da gestante para o bebê e faz com que o teste de status sorológico seja obrigatório no acompanhamento pré-natal. A doença pode ser diagnosticada e tratada durante a gestação, o que evita de a criança nascer com problemas neurológicos graves.

A médica da Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque do Sol, Laura Gomes Narvaes realizou uma ação de conscientização na Escola Estadual Thereza Noronha de Carvalho. Segundo a médica, os adolescentes são vulneráveis a respeito de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). “A criança tem que acompanhar o crescimento e vacinação, no calendário do posto. Os idosos tomam muita medicação, então também estão sempre no posto. Mas, o adolescente já aparece lá com problemas. Nós não conseguimos agir antes. Por isso a gente pensou em fazer essas ações educativas fora do posto”.

A equipe de Serviço de Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST/AIDS) da Sesau participou da ação com uma atividade intitulada "Túnel das Sensações" um espaço físico dividido em quatro partes no qual os alunos aprendem sobre o uso do preservativo e esclarecem dúvidas com a equipe. A atividade realizada em colaboração com a Liga Acadêmica Multidisciplinar em Saúde Adolescente (LAMSA) objetiva conscientizar adolescentes sobre as DSTs.

A coordenadora do IST/AIDS da Sesau, Denise Leite Lima explica que a atividade objetiva esclarecer dúvidas e sensibilizar os adolescentes a compartilharem o aprendizado adquirido durante a ação. “Primeiro a gente instiga a curiosidade da pessoa que está passando perto do túnel. A partir do momento que ela entrou no túnel, começa a receber orientações sobre as DSTs. Não somente sobre a prevenção, mas também como usar corretamente o preservativo. A gente prova para aquela pessoa que o uso do preservativo não tira o prazer. Por isso coloca o preservativo no braço, passa água quente e água fria”.

A coordenadora da Liga Acadêmica Multidisciplinar em Saúde Adolescente e professora do curso de Farmácia da UFMS, Soraya Solon afirma que a liga acadêmica objetiva desenvolver ações de prevenção e promoção à saúde do adolescente. A Liga desenvolve ações de prevenção nas escolas desde 2012. A professora explica que as atividades de conscientização sobre saúde sexual desenvolvidas no início de outubro na Escola Estadual Thereza Noronha de Carvalho abordaram diversos temas. “Nós temos hoje a oficina que aborda as doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos, além de uma roda de conversa sobre suicídio”.

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