MEDULA ÓSSEA

Número de doadores de medula óssea chega a 130 mil em Mato Grosso do Sul

Campanhas mobilizam doadores e cadastro pode ser realizado durante todo o ano.

Gabriel Ibrahim e Raquel de Souza 8/10/2014 - 23h02
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Casos recentes como o da menina Caroline Flores de Leno, que desencadearam campanhas para incentivar a doação de medula óssea, atraíram a atenção da população. Segundo dados da Hemorrede de Mato Grosso do Sul, a mobilização sobre o caso de Carolzinha, como ficou conhecida, aumentou em 200% o cadastramento no Banco de Sangue da Santa Casa no último mês. Em abril, a campanha pelo bebê Timóteo Aydos atingiu o mesmo índice.

Existem no Brasil aproximadamente 1.200 pessoas cadastradas no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme). A assessora de comunicação da Hemorede, Mayra Franceschi ressalta que o processo pode ser realizado em qualquer época. “Não pode deixar para se cadastrar só no caso de um apelo desse, o ideal é não esperar, pois pode nem dar tempo dos dados serem cadastrados”.

O número de doadores cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) é de três milhões de pessoas em todo o Brasil, a chance de encontrar um doador compatível é uma em cada 100 mil, o que reforça a importância de realizar o cadastro. Dos 130 mil doadores cadastrados em Mato Grosso do Sul, apenas 30 realizaram o transplante. Do total, quatro ajudaram pacientes de outros países, na França, Itália, Estados Unidos e Alemanha, pois os registros podem ser consultados mundialmente.

O policial aposentado Anderson Francisco Sidrack foi o primeiro doador de medula óssea do Estado, reconhecido pelo Hemosul em 2011. Ele se cadastrou no Redome em 2009, e em menos de um mês foi chamado para fazer a contra-prova. Depois de 45 dias foi até a cidade de Jaú, em São Paulo, para realizar a doação. "Na relação entre receber ou doar, seja sangue ou medula, é muito mais gratificante você poder estar na condição de ajudar".

Conforme informações da Associação da Medula Óssea (Ameo), a medula é uma estrutura que fica dentro dos ossos do corpo, responsável pela produção das células do sangue e das células de defesa. O transplante é indicado principalmente para o tratamento de enfermidades que comprometem o funcionamento dela, como doenças hematológicas, onco-hematológicas, imunodeficiências, doenças genéticas hereditárias, alguns tumores sólidos e doenças auto-imunes.

Segundo a técnica de laboratório Sandra Martins, que trabalha no Banco de Sangue da Santa Casa, para se cadastrar como doador é necessário ter entre 18 e 55 anos de idade, estar em bom estado de saúde e não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue. Primeiramente, os interessados devem preencher um formulário com dados pessoais e tem cerca de cinco mililitros de sangue recolhidos para análise.  Esse processo é feito apenas uma vez, os dados devem ser atualizados sempre que necessário.

Em cerca de um mês o doador é incluído no Redome e, caso seja compatível com algum paciente, será chamado para novos exames. A dona de casa Gláucia Barbosa decidiu se cadastrar, e falou sobre os motivos que a levaram a tomar a decisão.

Caso o transplante seja confirmado, ele pode ser realizado por dois métodos não-cirúrgicos, pela punção nos ossos da bacia ou filtração de células-mãe que passam pelas veias. O médico responsável avaliará qual será melhor para o doador, e todos os gastos com deslocamento, hospedagem e alimentação são subsidiados pelo Governo Federal. Sidrack passou pelos dois procedimentos, e diz, em depoimento por telefone, que foi muito gratificante ter tido a oportunidade de salvar uma vida. 

Mayra Franceschi afirma que o transplante é extremamente seguro, e que o organismo do doador repõem as células doadas em apenas 15 dias. Como o método mais comum exige anestesia geral, ela enfatiza que todos os interessados façam o cadastro conscientes dos procedimentos. Nunca houve registro de incidentes. Ela acompanhou casos onde doadores compatíveis desistiram de realizar a retirada da medula. “Muito pior do que não encontrar o doador é encontrar e a pessoa se recusar a doar, não adianta nada”.

O diretor geral do Hospital do Câncer Alfredo Abraão, Carlos Alberto Coimbra alerta que a doação pode salvar muitas vidas, e faz um apelo para que as pessoas se conscientizem e se mobilizem para se tornarem doadores.

Serviço:

Atualmente o Hemosul de Campo Grande está em reforma, e o cadastro de doadores é realizado na Santa Casa, na rua Eduardo Santos Pereira, nº 88; no Hospital Regional, localizado na avenida Engenheiro Luthero Lopes, nº 36 e no Hospital Universitário, na avenida Senador Filinto Muller, nº 355.

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