Casos recentes como o da menina Caroline Flores de Leno, que desencadearam campanhas para incentivar a doação de medula óssea, atraíram a atenção da população. Segundo dados da Hemorrede de Mato Grosso do Sul, a mobilização sobre o caso de Carolzinha, como ficou conhecida, aumentou em 200% o cadastramento no Banco de Sangue da Santa Casa no último mês. Em abril, a campanha pelo bebê Timóteo Aydos atingiu o mesmo índice.
Existem no Brasil aproximadamente 1.200 pessoas cadastradas no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme). A assessora de comunicação da Hemorede, Mayra Franceschi ressalta que o processo pode ser realizado em qualquer época. “Não pode deixar para se cadastrar só no caso de um apelo desse, o ideal é não esperar, pois pode nem dar tempo dos dados serem cadastrados”.
O número de doadores cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) é de três milhões de pessoas em todo o Brasil, a chance de encontrar um doador compatível é uma em cada 100 mil, o que reforça a importância de realizar o cadastro. Dos 130 mil doadores cadastrados em Mato Grosso do Sul, apenas 30 realizaram o transplante. Do total, quatro ajudaram pacientes de outros países, na França, Itália, Estados Unidos e Alemanha, pois os registros podem ser consultados mundialmente.
O policial aposentado Anderson Francisco Sidrack foi o primeiro doador de medula óssea do Estado, reconhecido pelo Hemosul em 2011. Ele se cadastrou no Redome em 2009, e em menos de um mês foi chamado para fazer a contra-prova. Depois de 45 dias foi até a cidade de Jaú, em São Paulo, para realizar a doação. "Na relação entre receber ou doar, seja sangue ou medula, é muito mais gratificante você poder estar na condição de ajudar".
Conforme informações da Associação da Medula Óssea (Ameo), a medula é uma estrutura que fica dentro dos ossos do corpo, responsável pela produção das células do sangue e das células de defesa. O transplante é indicado principalmente para o tratamento de enfermidades que comprometem o funcionamento dela, como doenças hematológicas, onco-hematológicas, imunodeficiências, doenças genéticas hereditárias, alguns tumores sólidos e doenças auto-imunes.
Segundo a técnica de laboratório Sandra Martins, que trabalha no Banco de Sangue da Santa Casa, para se cadastrar como doador é necessário ter entre 18 e 55 anos de idade, estar em bom estado de saúde e não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue. Primeiramente, os interessados devem preencher um formulário com dados pessoais e tem cerca de cinco mililitros de sangue recolhidos para análise. Esse processo é feito apenas uma vez, os dados devem ser atualizados sempre que necessário.
Em cerca de um mês o doador é incluído no Redome e, caso seja compatível com algum paciente, será chamado para novos exames. A dona de casa Gláucia Barbosa decidiu se cadastrar, e falou sobre os motivos que a levaram a tomar a decisão.

Coleta de sangue para cadastro de doador de medula óssea leva menos de 5 minutos - (Foto: Raquel de Souza)




