SAÚDE PÚBLICA

Mortes de idosos por desnutrição crescem 22% em Mato Grosso do Sul

Entre os anos de 2012 e 2016 ocorreram 459 óbitos por falta de nutrição adequada para população acima de 60 anos

Dândara Genelhú, Pâmela Machado e Stefanny Azevedo20/09/2018 - 17h32
Compartilhe:

Mato Grosso do Sul registrou aumento de 22% no número de idosos que morreram por desnutrição entre o período de 1996 a 2016, de acordo dados divulgados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). Os números são de pessoas da faixa etária acima de 60 anos e apontam que, em 1996, 63 mortes foram registradas. Após dez anos, o número aumentou para 156 casos e em 2015 os registros caíram para 71 casos. Os últimos dados divulgados, em 2016, aumentou para 77 vítimas. O Brasil também teve um crescimento nos dados que, de acordo com dados do Datasus, aumentou em 77,7% o número de óbitos por falta de nutrição adequada nesta faixa etária.

O levantamento mostra que entre os anos de 2012 e 2016 ocorreram 459 mortes de idosos por desnutrição em Mato Grosso do Sul. Campo Grande registrou o índice mais alto com 96 vítimas. A pesquisa do Datasus também aponta que os números de óbitos aumentam para pessoas com idades mais avançadas, acima de 80 anos. De acordo com cartilha produzida pelo Departamento de Nutrição da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FS/ UnB) para o Ministério da Saúde, “Obesidade e Desnutrição”, a desnutrição é definida como a deficiência de um ou mais nutrientes essenciais para o corpo humano.  

Segundo a enfermeira e coordenadora do Conselho Municipal do Idoso (CMI), Rosangela Aparecida Calado o crescimento no número de mortes por desnutrição em idosos ocorre porque esta população necessita de uma atenção diferenciada da família. “Pela doença, pelo processo senil eles esquecem de comer, esquecem o que comer e de comer também. Se o idoso está sozinho, ele vai desidratar, vai ter uma desnutrição muito rápida.Se tem uma família negando o suporte, isso realmente pode acontecer”.

Rosangela Calado afirma que, além da falta de alimentação, outros delitos contra idosos são frequentes, dentre elas o abuso financeiro, apropriação indevida e abandono de incapaz. Segundo a coordenadora do CMI, a população deve denunciar estes casos e, após a confirmação de denúncia, o Conselho fará o encaminhamento da vítima para asilos por meio de triagem. “Os idosos que têm poucas condições, vão pelo convênio da prefeitura. Existe uma triagem da prefeitura, verificando se realmente esse idoso tem família. Quais são os pré requisitos? Quem está apto a ter uma vaga? Quem falta família, filhos e irmãos”.

A  coordenadora Diocesana da Pastoral da Pessoa Idosa, Harue Suzuki afirma que o órgão acompanha 1.616 idosos em Mato Grosso do Sul por meio de voluntários em visitas domiciliares. A pastoral realiza ações preventivas nas área de saúde, nutrição, educação e cidadania. O cuidado com a alimentação da pessoa idosa está entre práticas orientadas pelos voluntários. “Nós temos os nossos indicadores também, quando a líder faz a visita, faz as perguntas, como por exemplo, se o idoso está tomando 2,5 litros de líquido por dia, se ele faz atividade física, se o idoso caiu”.

Segundo Harue Suzuki, os casos de mortes por desnutrição ocorrem devido a outras violações de direitos da pessoa idosa. “A maior causa identificada de desnutrição pelos idosos que a pastoral acompanha, é o abuso financeiro. Muitos tem mais da metade da aposentadoria comprometida com empréstimos consignados, feitos pelos próprios parentes. A prioridade para o dinheiro que sobra são para os remédios”.

Necessidades nutricionais

A nutricionista Flávia Adriana Borges afirma que os idosos possuem fatores físicos que dificultam a alimentação, como as próteses dentárias que podem atrapalham a mastigação de alimentos com proteínas. “Muitas vezes falta glicose, ferro e proteína, porque alguns deixam de comer carne, que tem vitaminas do complexo B. Além disso, eles ficam com deficiência de aminoácidos pela perda de gordura e formação de massa muscular. E começa os processos da facilidade em quebrar ossos, por conta da falta da alimentação”.

Segundo Flávia Adriana Borges, os maiores riscos em casos de desnutrição são para idosos que moram sozinhos, porque optam por alimentos de fácil preparo. A nutricionista ressalta que um idoso diagnosticado com desnutrição necessita de uma rotina de alimentação adequada. “Para tirar o idoso de um estado de desnutrição é difícil, tem que ser feita uma suplementação, ter um cuidado, fazer ele se alimentar várias vezes ao dia. Nem que seja o aumento do consumo de frutas, verduras e se possível uma suplementação para ganho de massa muscular”.

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também