Pesquisa realizada pela bióloga Maria da Conceição afirma que os morcegos têm uma dieta rica em mosquitos Aedes aegypti. A pesquisa, de mestrado, foi realiza no Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), publicada em novembro de 2015. Os dados mostram que 70% dos morcegos brasileiros são insetívoros e que em uma única noite o animal pode alimentar-se de até 200 mosquitos.
Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) pretendem desenvolver pesquisas com morcegos insetívoros em Campo Grande. Para o estudante de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da UFMS, Maurício Silveira, a população de morcegos em Campo Grande é significativa. “Há diversas colônias de morcegos insetívoros e frugívoros na cidade, por ser um ambiente que tem bastante luz e árvores atrai muitos insetos, assim, atrai morcegos”. Ele afirma ainda que a pesquisa da bióloga da UEFS é relevante para que a sociedade compreenda a importância que o morcego tem para o meio ambiente. “As pessoas acham que todo morcego é hematófago, que se alimentam de sangue, e isso é uma realidade que não condiz. Em nosso estado a maioria dos morcegos se alimentam de insetos, principalmente, de mosquitos, besouros, gafanhotos e mariposas”.
De acordo com boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), publicado no dia 3 de fevereiro deste ano , foram notificados, no mês de janeiro, 1.804 casos de dengue em Mato Grosso do Sul. Para a bióloga Maria da Conceição, o morcego pode ajudar no controle da doença. “Estamos passando por um momento muito difícil na Saúde Pública do país por causa das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes, portanto proteger o morcego é uma garantia que menos mosquitos circularão no ambiente". A pesquisadora ressalta ainda que a população tem que auxiliar o trabalho dos morcegos, pois “enquanto houver lixo e água parada haverá mosquito da dengue”.
Para a pesquisadora tanto os morcegos insetívoros como o mosquito Aedes aegypti estão em todas as regiões do Brasil, “por isso esses mamíferos são importantes no controle das doenças, para que não se torne pior a situação”. Na pesquisa de mestrado da bióloga sobre "Morcegos segundo uma abordagem biológica, mitológica e etnozoológica", aborda especificamente a dieta dos morcegos insetívoros e sua importância para o controle de insetos e pragas.
O biólogo do laboratório de ecologia da UFMS, Alan Eriksson desenvolve pesquisas relacionado a ectoparasitas em morcegos de Campo Grande e acredita que a universidade deve ampliar a pesquisa sobre os morcegos insetívoros. “Aqui temos muitos deles, que ficam nos forros das casas e no Estádio Morenão há uma colônia muito grande. Em Campo Grande o foco de mosquito da dengue é alarmante e por meio dos morcegos podemos chegar a resultados que auxiliem no controle das doenças no nosso estado”.