MORCEGOS/AEDES AEGYPTI

Bióloga afirma que morcegos podem comer até 200 mosquitos Aedes Aegypti por noite

Pesquisadores da UFMS destacam a importância da pesquisa que pode contribuir para o controle dos mosquitos e evitar a propagação de doenças

Géshica Rodrigues e Tatyane Cance 3/02/2016 - 20h09
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Pesquisa realizada pela bióloga Maria da Conceição afirma que os morcegos têm uma dieta rica em mosquitos Aedes aegypti. A pesquisa, de mestrado, foi realiza no Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), publicada em novembro de 2015. Os dados mostram que 70% dos morcegos brasileiros são insetívoros e que em uma única noite o animal pode alimentar-se de até 200 mosquitos.

Morcego insetívoro da coleção do Laboratório. Foto: (Géshica Rodrigues)

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) pretendem desenvolver pesquisas com morcegos insetívoros em Campo Grande. Para o estudante de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da UFMS, Maurício Silveira, a população de morcegos em Campo Grande é significativa. “Há diversas colônias de morcegos insetívoros e frugívoros na cidade, por ser um ambiente que tem bastante luz e árvores atrai muitos insetos, assim, atrai morcegos”. Ele afirma ainda que a pesquisa da bióloga da UEFS é relevante para que a sociedade compreenda a importância que o morcego tem para o meio ambiente. “As pessoas acham que todo morcego é hematófago, que se alimentam de sangue, e isso é uma realidade que não condiz. Em nosso estado a maioria dos morcegos se alimentam de insetos, principalmente, de mosquitos, besouros, gafanhotos e mariposas”.

De acordo com boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES),  publicado no dia 3 de fevereiro deste ano , foram notificados, no mês de janeiro, 1.804 casos de dengue em Mato Grosso do Sul. Para a bióloga Maria da Conceição, o morcego pode ajudar no controle da doença. “Estamos passando por um momento muito difícil na Saúde Pública do país por causa das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes, portanto proteger o morcego é uma garantia que menos mosquitos circularão no ambiente". A pesquisadora ressalta ainda que a população tem que auxiliar o trabalho dos morcegos, pois “enquanto houver lixo e água parada haverá mosquito da dengue”.

Para a pesquisadora tanto os morcegos insetívoros como o mosquito Aedes aegypti estão em todas as regiões do Brasil, “por isso esses mamíferos são importantes no controle das doenças, para que não se torne pior a situação”. Na pesquisa de mestrado da bióloga sobre "Morcegos segundo uma abordagem biológica, mitológica e etnozoológica", aborda especificamente a dieta dos morcegos insetívoros e sua importância para o controle de insetos e pragas. 

O biólogo do laboratório de ecologia da UFMS, Alan Eriksson desenvolve pesquisas relacionado a ectoparasitas em morcegos de Campo Grande e acredita que a universidade deve ampliar a pesquisa sobre os morcegos insetívoros. “Aqui temos muitos deles, que ficam nos forros das casas e no Estádio Morenão há uma colônia muito grande. Em Campo Grande o foco de mosquito da dengue é alarmante e por meio dos morcegos podemos chegar a resultados que auxiliem no controle das doenças no nosso estado”.

A técnica de laboratório da UFMS do setor de Ecologia, Alêny Lopes, afirma que a universidade nunca desenvolveu estudo que determine o quantitativo de morcegos existentes no estado. Explica que em Mato Grosso do Sul existem seis tipos de grupos, os insetívoros, os frugívoros, piscívoros, hematófagos, nectarívoros e os onívoros. “Coletamos sempre os frugívoros, pois voam mais baixos, os insetívoros são pequenos e rápidos e voam mais alto, para coletá-los, só mesmo para uma pesquisa específica”. Ela destaca ainda que seria uma oportunidade realizar coletas de morcegos insetívoros para o desenvolvimento de pesquisas relacionado ao mosquito Aedes. “Para provarmos realmente a eficácia do controle do mosquito seria necessário desenvolver uma pesquisa mais aprofundada na nossa região”. 

Para a estudante de Biologia da UFMS, Aline Santos, se a pesquisa da bióloga Maria da Conceição fosse aplicada e conhecida em Mato Grosso do Sul ajudaria não só no controle do mosquito, mas também na desmistificação do morcego na sociedade. "Existem vários tipos de morcego, mas a população só vê com aqueles olhos de medo. Acredito que a pesquisa deveria ser mais divulgada, mudaria um pouco a imagem das pessoas em relação a isso". A estudante ainda reforçou que o animal não é usado para combater o Aedes diretamente. "O morcego não combate o mosquito, ele simplesmente ajuda a controlar. Não adianta imaginar que é só soltar morcegos em terrenos abandonados que ele se encarregará de eliminar todos os focos. Se a população não fizer a sua parte não há nada que o morcego possa fazer".

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