A instituição também possui brinquedoteca para atender crianças quando acompanham a mãe no registro do boletim de ocorrência, encaminha para o mercado de trabalho por meio de Fundação do Trabalho (FUNTRAB), disponibiliza alojamento de passagem e sala para exames do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL). Na Casa da Mulher é registrada a denúncia e o processo é aberto no Fórum do Juizado Central.
Alice Santos*, de 51 anos possui deficiência visual, sofreu violência doméstica e buscou atendimento na Casa da Mulher Brasileira. “Passei dois meses com uma pessoa que me agrediu e busquei a Casa da Mulher Brasileira. Com a minha deficiência senti um pouquinho de dificuldade, pois as pessoas não estavam preparadas para me atender. Fiquei muito tempo esperando, sem atendimento preferencial, mas consegui registrar o boletim de ocorrência.” A mulher recebeu assistência psicológica e conseguiu medida protetiva contra o agressor.
A Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres de Mato Grosso do Sul realiza projetos de prevenção e combate à violência. A técnica da instituição, Miriam Pereira destaca que órgão implanta entidades de proteção no interior do estado, a Casa Abrigo, que acolhe mulheres temporariamente e o Centro de Atendimento Especializado à Mulher (CEAM), que oferece atendimento psicológico gratuito. A subsecretaria promove as campanhas Agosto Lilás, em alusão à Lei Maria da Penha e os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, com atividades de conscientização e prevenção.
Mariana Silva*, de 44 anos, sofreu violência física, psicológica e patrimonial por oito anos. “Após diversas tentativas de reconciliação, quis me separar e ele não aceitava.” Ela relata que possuía laudos médicos e psicológicos que provavam as agressões, o ex-marido nunca foi preso e após sete anos, o processo foi arquivado.
A psicóloga Tatiana Samper, técnica da Casa da Mulher Brasileira, fala sobre a existencia do Ciclo de Violência contra a Mulher (como mostra o infográfico abaixo). A primeira fase denominada tensão, é onde acontecem os xingamentos e reclamações. A segunda fase é caracterizada como violência/agressão física, psicológica ou moral. Esta é a fase onde a mulher procura qualquer tipo de ajuda, seja com uma amiga, familiar ou um órgão de atendimento. A terceira fase, conhecida como"lua de mel", é quando o agressor se arrepende e a mulher acredita que o relacionamento pode mudar. Assim, volta a primeira fase do ciclo.

Fonte: Tatiana Samper/Psicóloga. Infográfico: Larissa Ivama
Tatiana Samper afirma que muitas vezes as mulheres atendidas não percebem que vivem em um ciclo de violência e naturalizam comportamentos agressivos, como o ciúmes, por exemplo. “O ciúmes quando vira violência não é normal”. A recomendação é oferecer apoio, ouvir e acolher. Após o acolhimento, deve-se fazer o encaminhamento da vítima para os órgãos competentes. “Muitas ficam com vergonha de chegar até a psicóloga porque não sabem o que vão encontrar. Mas nosso serviço não é de julgar, mas de acolher. Fazê-las perceber que não há razão para ela permanecer nessa situação.”
Serviço
A Casa da Mulher Brasileira localiza-se na Rua Brasília, Bairro Jardim Imá e atende pelo telefone (67) 3314-7550.
O Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM) localiza-se na Rua Pedro Celestino, número 437 e agenda consultas com psicólogas no telefone (67) 3361-7519.
Disque-denúncia: 180, disponível 24 horas. A ligação é gratuita e as ligações funcionam em âmbito nacional, garantido o anonimato.