CÂNCER DE BOCA

Câncer de boca atinge 10,82 homens a cada 100 mil habitantes no Estado

Aquidauana é a cidade com maior incidência do câncer, com 8,60 vítimas fatais por 100.000 habitantes

Gustavo Zampieri, Larissa Ivama e Sarah Santos12/11/2017 - 12h10
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A pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer (INCA), Adriana Atty, apresentou na "Semana de Prevenção ao Câncer de Boca", organizada pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO-MS), que em 2017 o câncer de boca seja o 6º de maior incidência em Mato Grosso do Sul entre os homens, com uma média de 10,82 homens acometidos para cada 100 mil habitantes. Nas mulheres, a patologia é a 13ª de maior incidência, com uma taxa de 3,14. Segundo o Atlas de Mortalidade do INCA, no ano de 2014 houve 31 vítimas fatais da doença no estado, com 22 homens e nove mulheres.

Adriana Tavares de Moraes Atty explicou que Mato Grosso do Sul acompanha o perfil nacional. “Temos mais casos acometidos em homens, em uma faixa etária a partir dos 40 anos [...] e principalmente entre tabagistas e etilistas, que são os principais fatores de risco”. De acordo com Adriana Atty, o câncer de boca atinge os lábios e a cavidade bucal, nas regiões da bochecha, gengiva, céu da boca, língua e assoalho da boca. O câncer de lábio tem como principal fator de risco a exposição solar.

De acordo com o Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS  (SIA/SUS) e ressaltado por Adriana Atty, Campo Grande possui o maior número de biópsias de tecidos moles da boca, com 205 exames em 2016. O odontólogo Robson Ajala, associado ao Conselho Regional de Odontologia (CRO-MS), mencionou as especificidades do estado, como o consumo do narguilé. “O grande problema do narguilé é a nicotina, o que é a nicotina? É ácido nicotínico. Então, se você pegar uma coisa ácida, colocar em contato com a boca na temperatura em que é absorvido, ela vai lesionar [...] Além da nicotina, temos "n" substâncias cancerígenas”. 

Ajala também esclarece a importância do diagnóstico pecoce do câncer de boca, pois se a doença é descoberta em estágio inicial, tem maior chance de cura.  Ele ressalta que o profissional de odontologia deve ser capacitado para buscar informações sobre as enfermidades que atingem seus pacientes.  

No interior do estado, Aquidauana foi classificada como a cidade com maior incidência do câncer de boca no estado, com 8,60 vítimas fatais por 100.000 habitantes ao ano, com maior taxa entre os homens. A cirurgiã-dentista da Gerência Municipal de Saúde e Saneamento da cidade, Melissa Lanzillotti Pacheco explica que há um perfil de vítima da doença. “Geralmente são ribeirinhos, pessoas que se expõem muito ao sol em atividade de pesca, que é bastante forte na nossa região devido ao rio que divide Aquidauana e Anastácio e, também, o alto índice de fumantes entre os homens ajuda na prevalência dessa doença”.

A aposentada Dativa Batista Dias, de 86 anos, teve câncer de laringe e fez cirurgia para a retirada do tumor há dois anos. “Eu fiz cirurgia, não fiz quimioterapia ou tomei remédios durante o tratamento. A doença é silenciosa, eu não senti nada antes ou depois de retirar o tumor”. O associado ao Grupo de Tumores da Cabeça e Pescoço do Hospital de Câncer de Barretos, Luciano de Souza Viana indica que os sinais e sintomas do câncer de boca são feridas na boca sem cicatrização, dor na boca que não passa, irritação ou dor na garganta, caroços no pescoço e mudanças na voz.

A “Semana de Prevenção ao Câncer de Boca” foi instituída pela Lei Federal 13.230 de 28 de dezembro de 2015. Em Campo Grande, a Semana Nacional de Prevenção é prevista pela lei municipal 4.733, de 2009. 

Fonte: Adriana Tavares Atty/Instituto Nacional do Câncer. Infográfico: Larissa Ivama.

De acordo com Adriana Atty, a prevenção deve ser feita por meio de mudança de hábitos como evitar o consumo excessivo de álcool, cachimbos e cigarros, evitar exposição solar sem proteção, usar próteses bem ajustadas à boca e ter uma boa higiene bucal. Também, é feita a recomendação de acompanhamento odontológico frequente. 

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