CIÊNCIA

Festival debate ciência em bares de Campo Grande

O festival internacional, realizado simultaneamente em 21 países, reuniu pesquisadores para falar sobre ciência nos bares Cervejaria Prosa e Saideira Classic Bar

Fernanda Sandoval, Lorrayna Farias e Talita Oliveira.20/05/2018 - 15h19
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O Festival Pint Of Science aconteceu pela primeira vez em Campo Grande e reuniu pesquisadores de forma voluntária para debater temas científicos atuais em bares da capital, com o objetivo de levar a ciência até as pessoas de maneira descontraída. Em 2018 o Festival foi realizado em 21 países simultaneamente nos dias 14, 15 e 16 de maio e no Brasil chegou a 56 cidades. Em Campo Grande foram debatidos temas relacionados à biodiversidade, fauna e mudanças climáticas de maneira gratuita. Segundo a coordenadora do evento, Ana Paula da Costa Marques o Festival reuniu cerca de 850 pessoas.

O Pint of Science foi criado em Londres no ano de 2013 e chegou ao Brasil em 2015, na cidade de São Carlos, em São Paulo. Em Campo Grande foi organizado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) nos bares Saideira Classic Bar e Cervejaria Prosa. Temas como a "teoria da Terra Plana", "o impacto das mudanças ambientais na saúde humana" e "a guerra contra as superbactérias" foram apresentados e colocados em debate com o público presente. 

De acordo com a coordenadora do evento, pesquisadora e professora do curso de Biologia da UFMS, Ana Paula da Costa Marques para realizar o festival há regras e padrão de divulgação estabelecidos pelos criadores do evento. Segundo ela, a organização tentou escolher temas diferenciados e o objetivo foi transformar as apresentações em conversa. "Não pode ser uma palestra, tem que ser um bate-papo. A pessoa que tá ali na mesa tem que sentir que o cientista que tá falando com ela é o colega do bar, tem que ser uma coisa bem próxima".

Segundo o responsável pela coordenação de bar em Campo Grande, professor de física Cícero Rafael Cena da Silva os temas debatidos foram selecionados de acordo com pesquisas que acontecem na capital. "Eles foram escolhidos também por despertarem o interesse e curiosidade do público em geral, como por exemplo o aquecimento global e o formato da Terra". Para ele, a divulgação científica é válida e tem impacto significativo na sociedade. "Esse tipo de festival indiretamente acaba conscientizando o público que não pertence a essa área". 

O estagiário do curso de Direito, Gabriel Souza assistiu a uma das apresentações do Festival. Para ele, o evento "une o melhor dos dois mundos" e completa "legal trazer essa iniciativa de aproximar a ciência da população em um ambiente descontraído, trazendo temas interessantes para o público. Gostaria que tivesse mais vezes".

O evento teve a parceria da Embrapa Gado de Corte. Segundo o pesquisador e médico veterinário Paulo Cançado, “a instituição está sempre em busca de oportunidades de divulgar tecnologia e conhecimento para a sociedade brasileira. Enquanto uma empresa pública de pesquisa, a nossa missão é desenvolver tecnologia e fazer com que ela chegue para a sociedade. E esse evento vem em uma crescente interessante, pela importância que ele tem no mundo”.  Ele explica que a parceria foi formada com interesse de ambas as instituições. 

Para Cançado, o evento é importante na medida em que aproxima o público da pesquisa. Segundo ele, a sociedade desconhece muitas informações científicas e o evento auxiliou para esse entendimento e aproximação. “Proporciona também novos questionamentos para o pesquisador que está ali. A gente passa a ter uma visão mais real do que a sociedade pensa e isso influencia no nosso trabalho no dia a dia para direcionar as pesquisas no que a sociedade está querendo. Isso é muito produtivo para o estado”.

Em sua palestra, o pesquisador falou sobre moscas e afirma ter sido um desafio inserir o tema no ambiente urbano. “Essa praga do campo é muito específica da bovinocultura e da indústria da cana-de-açúcar que são muito fortes no estado. Apesar disso, no ambiente urbano as pessoas estão muito distantes dessa problemática e você trazer um tema que pode ser considerado chato para uma mesa de bar e tornar ele interessante para o público é bastante desafiador. Mas foi bastante satisfatório, divertido e produtivo. As pessoas perguntaram bastante”.

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