A Liga Acadêmica de Saúde Mental (Lasme), projeto de extensão do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, foi criada em 2013 com o objetivo incentivar o ensino em saúde mental, desenvolver atividades socioculturais com pacientes frequentadores dos Centros de Atenção Psicosociais, CAPSs; promover educação permanente para os profissionais de saúde das instituições públicas e privadas e desenvolver pesquisas acadêmicas. A Lasme realizou uma exposição para modificar a ideia de que se deve isolar o paciente com distúrbios mentais. A exposição exibiu fotos e vídeos dos hospitais psiquiátricos ao longo do tempo e pinturas realizadas no Hospital Nosso Lar.
A coordenadora do projeto, professora Priscila Fiorin, destacou a importância da inserção social e dos avanços no tratamento destes pacientes. A exposição aconteceu no dia que marca a Luta Antimanicomial, 18 de maio.
A estudante do quinto semestre de Enfermagem, Fernanda Martins, diz que antigamente os pacientes viviam em situação muito diferente. “Mas agora com a exposição dos quadros a gente vê que mudou muito, avançou muito. Antes, eles eram aprisionados, viviam em verdadeiras prisões, hoje não, tem os Centro de atenção Psicosocial, os CAPs, que eles vão lá, tem a consulta, tem o atendimento e voltam para suas casas. Eles são livres na sociedade, eles não estão mais aprisionados.”
Segundo a terapeuta ocupacional do Hospital Nosso Lar, Tânia Pinheiro o trabalho em conjunto dos médicos, psicólogas, educadores físicos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e voluntários auxiliam nos cuidados com esses pacientes. Por meio das atividades de vida diária, os médicos mantém uma rotina com os pacientes, para que eles "voltem a realidade". Uma vez na semana, praticam atividades de cunho social como forma de integração com a sociedade, realizam passeios pela Orla Morena e exposições das obras de arte produzidas pelos pacientes em ambientes diferentes, ajudam nesse processo. “O hospital como qualquer outro, mantem uma rotina diária, horários com medicação, alimentação, passeios e visitas dos familiares, são regras necessárias que contribuem para que estas pessoas consigam se situar e voltar para à realidade”.
Tânia Pinheiro comenta que os familiares recebem apoio tanto na internação como durante o tratamento, para entender a situação do paciente e para que se sintam amparados e seguros. Os resultados obtidos com este tipo de terapia no Hospital Nosso Lar contribuem para desmitificar a imagem que o paciente é perigoso para a sociedade e precisa ficar isolado.
Política Nacional de Saúde Mental
A Política Nacional de Saúde Mental, Lei 10.216/2001 estabelece um modelo de atenção à saúde mental comunitário para garantir circulação das pessoas com transtornos mentais pela comunidade. Este modelo visa garantir o atendimento às pessoas com transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crak, álcool e outras drogas por meio do Centro de Atenção Psicossocial ou ainda Serviços Residenciais Terapêuticos; Programa de Volta para Casa; Unidades de Acolhimentos adulto e infanto-juvenil; Hospitais psiquiátricos; Leitos de atenção integral e serviço hospital de referência para álcool e drogas.
Um dos objetivos da Política Nacional de Saúde Mental é a redução dos leitos em hospitais psiquiátricos com a migração para hospitais menores. Em Mato Grosso do Sul, em 2011, havia dois hospitais com 200 leitos do SUS, uma média de 0,10 leitos por 10.000 habitantes.
O relatório sobre saúde mental de 2012 do Ministério da Saúde mostra uma mudança do perfil dos hospitais psiquiátricos a partir da redução de leitos. As vagas nos hospitais de pequeno porte, ou seja, que possuem até 160 leitos, representam 48,67% do total. Em 2002, esta porcentagem era de cerca de 24%.

Exposição exibiu fotos e vídeos dos hospitais psiquiátricos - (Foto: Gisllane Leite)




