SAÚDE

Hemosul descarta 15% das bolsas doadas

Alimentação baseada em gorduras é o principal motivo para descarte

Amanda Amaral e Hannah de Moliner14/10/2014 - 21h52
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Alerta emitido pelo Hemosul no último mês de setembro aponta que cerca de 15% das bolsas de sangue doadas em Mato Grosso do Sul são descartadas devido excesso de gordura no sangue, o que impossibilita a sua reutilização em um paciente.

Pesquisa divulgada pela  Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) neste ano constata que as doenças cardiovasculares afetam anualmente cerca de 17,1 milhões de pessoas no Brasil. O excesso de gordura encontrado no sangue é um dos fatores que provoca o aumento da mortalidade causada por estas enfermidades, que passa das 300 mil por ano.

O chefe do setor de produção do Hemosul, Júlio César da Silva alerta sobre o problema. “A gente tem visto um aumento expressivo nas bolsas de sangue lipêmicas, bolsas com excesso de gordura”. Para ele, trata-se de um problema de saúde pública. "Precisamos informar quando o doador está com triglicerídeos ou colesterol alto, e alertar a população para hábitos alimentares mais saudáveis”.                                         

O excesso de gordura no sangue é causado por triglicerídeos altos na corrente sanguínea devido a ingestão de alimentos ricos em gordura como doces e álcool, que são parcialmente sintetizados pelo corpo. Por isso, ao se submeter a exames de sangue, a pessoa deve passar por um jejum de 12 horas.

Segundo o técnico do Hemosul, Roberto Cáceres, mesmo uma pessoa que não apresente características de  triglicérides elevados pode ter excesso de gordura no sangue. Ele lembra um caso recente, no qual uma bolsa de sangue doada por um jovem de características físicas saudáveis foi descartada por apresentar taxas de triglicérides elevadas. O doador disse ao técnico que havia ingerido uma quantidade significativa de carne de churrasco e doces na véspera da doação.

A assessora de comunicação da Hemorrede-MS, conjunto de serviços de hemoterapia e hematologia do Estado, Mayra Franceschi, lembra que alimentar-se de forma saudável é fundamental antes de doar sangue . "A alimentação feita nas últimas 48h é muito importante antes da doação. Se alimentar bem, comer normalmente, mas de forma saudável. Evitar tudo que tiver gordura em excesso”.

O técnico do Hemosul, Roberto Cáceres afirma que a bolsa lipêmica é detectada após o sangue passar pelo processo de centrifugação. “Quando as bolsas chegam aqui são preparadas para passar pela centrífuga que faz a separação dos componentes. A hemácia, parte vermelha, que é mais pesada, vai para baixo. A parte branca é o plasma rico em plaquetas. Quando retiramos a bolsa da máquina e ela está lipêmica, automaticamente vamos ao sistema de dados de doação e a eliminamos”.

Segundo a assessora Mayra Franceschi, o centro enfrenta outro problema que dificulta a entrada de novas bolsas. O prédio que arrecadava coletas passa por reforma estrutural e as unidades foram realocadas para outros locais. “Nós coletávamos em média seis mil bolsas por mês. Então, mesmo com o descarte, garantíamos o estoque. Agora estamos conseguindo uma média de 4,5 mil bolsas, pois nem todos os que doavam na nossa unidade se dirigiram a um banco de sangue. Tem gente que simplesmente parou de doar. E sangue a gente não fabrica, precisamos da doação para atender os pacientes”.

Os bancos provisórios para doação de sangue estão localizados no Hospital Universitário (HU)Hospital Regional de Mato Grosso do Sul e na Santa Casa de Campo Grande

A nutricionista Sabrina Barbosa explica como manter uma dieta saudável e evitar altos índices de gordura no sangue.

UNIDADE MÓVEL DO HEMOSUL

O Hemosul também disponibiliza unidades móveis para permitir que a coleta de sangue seja realizada em outras instituições. Basta agendar na Hemorrede-MS e garantir pelo menos 60 doadores. No caso de empresas pequenas, com número de 10 a 15 pessoas, é oferecido transporte com motorista, sem custos, para o deslocamento até o local de doação. 

Segundo Mayra Franceschi, o Hemosul é o único hemocentro 100% público no país. Ele atende todos os hospitais públicos ou privados do estado e escolas. As cidades de maior porte possuem unidades próprias.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Clique na imagem para visualizá-la. Fonte: Hannah de Moliner 

 

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