CLIMA

Estudo revela aumento da temperatura em Campo Grande nos próximos 25 anos

Pesquisa realizada pela FioCruz aponta que Mato Grosso do Sul ficará até 20% mais seco

Guilherme Souza, Joaquim Padilha e Juliane Garcez 4/12/2016 - 23h24
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Temperatura em Mato Grosso do Sul ficará 5,8°C mais quente e índice de tempo seco aumentará em 20%, segundo a pesquisa Vulnerabilidade à Mudança do Clima, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O estudo, encomendado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foi divulgado durante seminário sobre mudanças climáticas regionais, no dia 30 de novembro, em Campo Grande.

A responsável pela pesquisa em Mato Grosso do Sul, Isabela de Brito explica que a capital terá um aumento de 5,4°C na temperatura e uma redução de 8% no volume de chuva, nos próximos 25 anos. De acordo com a pesquisadora, o aumento da temperatura prejudicará a saúde dos campo-grandenses. Isabela de Brito afirma que a mudança climática influencia também na principal atividade econômica do estado. "Nós teremos forte impacto na agropecuária, teremos forte impacto também na cobertura vegetal e nos biomas, no caso daqui, temos o pantanal e o cerrado".

Segundo o pesquisador da Fiocruz, Ulisses Confalonieri além do risco de dengue, o aumento da temperatura provoca proliferação de outras doenças como, por exemplo, a leishmaniose e leptospirose, e a infestação de animais peçonhentos como aranhas e escorpiões.

Para Confalonieri, os resultados da pesquisa são alarmantes. “Em Mato Grosso do Sul, que é um estado agropecuário, as pessoas levam em consideração apenas a questão da chuva e não se atentam a temperatura”. Segundo Confalonieri, o impacto da mudança só não é maior porque o estado possui uma grande área de conservação de reservas naturais. “O Pantanal contribui muito para o controle do clima. Se não fosse a região, os números seriam mais elevados. Por Mato Grosso do Sul estar localizado em uma região de clima tropical, seus habitantes não sentem tanto a mudança climática".

  Venda de bebidas aumentam no centro da capital. (Foto: Guilherme Souza)

O vendedor ambulante Francisco Dias, que trabalha há 10 anos na Praça Ary Coelho, na região central de Campo Grande, afirma que o aumento da temperatura é perceptível, pois as vendas de água, refrigerantes e sucos aumentaram. “Tirando essa crise, que querendo ou não também afeta os pequenos comerciantes, as vendas aumentaram. O pessoal chega aqui morrendo de sede, pedindo uma ‘água trincando’, porque o calor tá de matar mesmo”.

De acordo com a pesquisa, as chuvas irão diminuir de 2,3% a 19,3% em Mato Grosso do Sul. A região norte do estado seria a mais afetada, enquanto a região sul estará menos exposta às mudanças.

Campo Grande sofrerá com uma redução nos índices de pluviosidade de até 8,3%, segundo os estudos. Em outras cidades de Mato Grosso do Sul como Japorã, o aumento da estiagem chegará a 12,6%. Os municípios de Sete Quedas e Tacuru terão aumento de 12,2% e 11,5%, respectivamente.

Índice da redução pluviométrica por município em Mato Grosso do Sul (Fonte:  FIOCRUZ)

Para Isabela de Brito, é possível amenizar os impactos do aumento da temperatura. "O uso correto do solo, o controle de exploração dos nossos rios e da emissão de gases poluentes na atmosfera, tem que ser fiscalizado, para que se diminua cada vez mais, esses dados apresentados pela pesquisa".

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