O filme “O que de verdade importa”, que será lançado no dia 27 de setembro, terá a renda líquida da bilheteria destinada a sete instituições brasileiras que tratam o câncer infantojuvenil (nomenclatura dada à doença em indivíduos entre zero e 19 anos). A iniciativa ocorre em apoio à campanha Setembro Dourado, destinada à conscientização sobre o câncer em crianças e adolescentes. Em Campo Grande, a instituição beneficiada é o Hospital do Câncer de Campo Grande Alfredo Abrão (HCAA).
O longa-metragem foi dirigido por Paco Arango, que além de roteirista, produtor e diretor de cinema, é presidente da Fundação Aladina, na Espanha, que auxilia crianças e adolescentes diagnosticadas com câncer. A auxiliar contábil Claudete Antunes, que foi diagnosticada e se tratou do câncer há dois anos, irá assistir o filme. Ela ressalta que as campanhas de apoio ao combate do câncer em crianças e adolescentes são muito importantes e deveriam acontecer com maior frequência. “Tem que ter muito mais porque é uma doença silenciosa, que não escolhe classe social, não escolhe raça, então todos, infelizmente, estamos aí à mercê dessa doença”.
De acordo com o diretor geral do HCAA e médico responsável pelo Centro de Tratamento Onco-Hematológico Infantil (CETOHI) do Hospital Regional Maria Pedrossian, Marcelo Souza a campanha do Setembro Dourado é importante na conscientização da população sobre o câncer infantojuvenil. “A gente faz toda uma campanha específica para isso, para conscientização da população quanto à importância do diagnóstico precoce do Câncer Infantil, a importância da sociedade de poder nos ajudar para a realização desse tratamento, que é complexo. Nós precisamos da ajuda de toda a população através de doações por meio do grupo de voluntariado para podermos oferecer a cada dia o melhor tratamento possível”.
O Hospital do Câncer de Campo Grande, atualmente, não oferece atendimento infantil. Segundo Souza, estas campanhas colaboram na arrecadação de dinheiro para a manutenção dos custos do hospital e dos tratamentos realizados. “É um tratamento caro, de alta complexidade, que nós precisamos além de ter uma equipe médica especializada, precisamos também da equipe de enfermagem especializada e toda uma equipe multidisciplinar para atender tanto a criança, como os pais e seus irmãos”.
De acordo com publicação do Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (Inca), no Brasil o tratamento em centros especializados somado à identificação precoce da doença permite que, aproximadamente, 80% das crianças e adolescentes diagnosticadas com câncer sejam curadas. O câncer infantojuvenil é uma categoria da doença da qual podem fazer parte leucemias, tumores do sistema nervoso central, linfomas, neuroblastoma, tumor de Wilms, retinoblastoma, tumor germinativo, osteossarcoma e sarcomas.
Descoberta e tratamento
O câncer infantojuvenil apresenta sintomas que podem ser percebidos pelos pais ou pessoas próximas à criança ou adolescente. De acordo com documento do Inca para a prevenção da doença, alguns sintomas apresentados por crianças com câncer são a palidez, inchaço ou presença de caroços e a perda de peso. A pediatra oncologista Rafaela Siufi explica que a, partir do diagnóstico, é determinado o tipo de tratamento que será realizado. “Dependendo do que a criança tiver, pelo diagnóstico, você pode fazer só a quimioterapia, quimioterapia e radioterapia ou algum procedimento cirúrgico”.
Segundo Rafaela Siufi, o câncer infantojuvenil é distinto do adulto, pois ocorre em tipos diferentes de tecido do corpo. “O câncer na infância geralmente acontece tanto na célula do sangue quanto nos tecidos de sustentação e o câncer no adulto geralmente acontece nos tecidos de revestimento, então ocorre o câncer de mama, de próstata, assim por diante”. A estimativa de 2018 do Inca aponta que os casos mais comuns nesta faixa etária são os de leucemia, com 26% dos casos.