O calor e a intensificação do período de chuvas dos últimos dias são condições propícias para a reprodução dos escorpiões. O número de picadas de escorpiões é maior nessa época, devido ao período de reprodução. Segundo informações do Centro Integrado de Vigilância Toxicológica (Civitox), nos últimos três anos houve 645 notificações de acidentes em humanos. Uma média anual de 215 casos. De outubro a janeiro, as espécies do animal encontram ambiente adequado para se reproduzirem.
De acordo com o pesquisador do Grupo de Estudos em Espeleologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Inbio/UFMS), João Frederico Berner os escorpiões são atraídos pela reprodução dos insetos, cuja maioria se reproduz na mesma época. “É o período em que os escorpiões acham a maior abundância de comida no ambiente. É o momento perfeito para terem mais comida, que dá para eles também mais energia para criar os filhotes”.
Berner afirma que a maioria dos escorpiões é inofensiva à saúde humana. Em Mato Grosso do Sul, os que possuem peçonha são os do gênero tityus, de coloração amarela. “É uma baixíssima quantidade, das 90 espécies do Brasil, que são peçonhentas. A maioria delas é venenosa, sim, todos os escorpiões são. Mas que pode causar danos e lesões aos humanos, é uma pequena porção disso”.
Há diferenças entre animais peçonhentos e venenosos. Os peçonhentos inoculam veneno em outras espécies por meio de ferrões, aguilhões, dentes ou esporões; os venenosos produzem substância tóxica e não a injetam em outros animais, por não terem aparelho inoculador.
A médica veterinária e plantonista do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Juliana Resende Araújo afirma que o efeito da picada é mais danoso em pessoas com imunidade baixa e crianças. “Depende muito em quem é a inoculação. Por exemplo, se for uma criança, a situação é muito mais grave do que em uma pessoa que não tem hipertensão, que tem 40, 50 anos e que tenha a saúde boa. No idoso, que, às vezes, tem outras doenças correlacionadas, fica bem mais grave”.
O gênero tityus é dividido em vários subgrupos. Em Mato Grosso do Sul, encontram-se o tityus serrulatus e tityus confluens. Ambos são perigosos à saúde humana e identificáveis pelas características físicas. O serrulatus possui “serrilhas” na cauda e coloração mais escura que a do confluens. As duas espécies são conhecidas como “escorpião amarelo”.