A transfusão de sangue em animais de pequeno porte contribui para salvar a vida de cães e gatos. Animais que apresentam anemia profunda, por terem babesiose ou erlichiose, conhecida como doença do carrapato, ou leishmaniose, e também aqueles que estão com hemorragia por atropelamento ou fizeram cirurgia com grande perda de sangue são os principais beneficiados. O procedimento é ainda pouco conhecido e comum nos estabelecimentos veterinários.
Segundo o médico veterinário Jorge Alex Fernandes a transfusão de sangue é realizada nos hospitais veterinários e em algumas clínicas de Campo Grande, estas últimas apresentam a maior demanda de bolsas sanguínea. Fernandes destacou que há procura maior por sangue canino, cerca de quatro a cinco bolsas diárias. A presidente da Associação de Amparo e Defesa Animal – Fiel Amigo, Laura Brito ressalva que “a bolsa de sangue animal é muito importante, nós recolhemos muitos casos que precisam de transfusão, tanto gato como cachorro e o veterinário Jorge Alex já nos ajudou algumas vezes, porque uma bolsa é muito cara para nós que não recebemos ajuda do governo”.
Laura Brito destaca que o Fiel Amigo faz regates de animais que sofrem maus-tratos, abandonados nas ruas, atropelados, baleados, esfaqueados ou violentados sexualmente. São feitos os primeiros socorros, em seguida realiza-se os exames e a vermifugação, o principal objetivo é deixar o animal saudável para que possam encontrar uma moradia. Atualmente há 65 cães e 43 gatos a espera de adoção.
Animais de pequeno porte podem ser doadores de sangue, para isso é necessário que seus donos façam adesão ao programa de doação sanguínea realizada pela empresa privada Hemopet. O proprietário e veterinário Jorge Alex Fernandes afirma que “a necessidade de sangue para pequenos animais no estado é muito grande. Aqui em Campo Grande tem muito animal com leishmaniose e doença do carrapato que precisa de sangue e a gente tem um compromisso social com isso”.
O veterinário Fernandes revela que a transfusão de sangue animal é um método antigo, o serviço de coleta por bolsas refrigeradas não existia. “As transfusões eram feitas na hora com sangue fresco, as clínicas e hospitais veterinários compravam uma bolsa vazia e colhiam o sangue de um cachorro adulto sem a procedência de exames, o sangue fresco era transfundido mesmo com o risco de transmitir alguma doença.” Ele ainda ressalta que existem médicos veterinários que usam desse método, não aconselhável por não garantir a isenção de doenças transmissíveis.
Para o residente de medicina veterinária da Clínica Cirúrgica do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Leandro Menezes a transfusão sanguínea para casos cirúrgicos é essencial para salvar muitas vidas, e podem ser realizados em três momentos, no pré-operatório, transoperatório e pós-operatório, antes, durante e depois da cirurgia. A instituição faz mais uso do procedimento antes da operação. “Temos que verificar o quadro do animal e escolher o mais adequado naquele momento. Normalmente eles chegam fracos, por isso já recebem o sangue para aguentar a operação”.
O estudante de Medicina Veterinária explica que independente do caso, quando o animal precisa de sangue, o dono é imediatamente informado. O hospital tem o cuidado de orientar as alternativas, comprar bolsa de sangue refrigerada ou utilizar a transfusão de sangue fresco, coletado na hora de outro animal. “Nós explicamos as diferenças existentes em cada método, assim o cliente decide qual irá fazer”.
Menezes revela que o hospital utiliza os dois métodos de transfusão, normalmente os clientes solicitam a bolsa refrigerada. “A vantagem da bolsa é a rapidez que ela chega e a praticidade para o cliente. Além da garantia de um sangue sem doenças. O sangue fresco tem uma desvantagem que é a falta de procedência de exames clínicos, às vezes, o animal não aparenta fisicamente doença, mas pode estar”.