Reis afirma que quando ocorre uma tentativa de suicídio, a família telefona para o Corpo de Bombeiros ou Policia Militar (PM) e se a vítima estiver em situações de risco iminente com arma de fogo ou qualquer outro objeto perfuro-cortante, há intervenção do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) com ajuda de especialistas para gerenciar a situação. O tenente-coronel da PM, Wagner Ferreira, diz que em Campo Grande existem 10 policiais treinados para casos de prevenção ao suicídio. "Temos 100% de êxito na realização de gerenciamento de tentativas de suicídios".
A depressão é um transtorno mental que está diretamente ligada ao suicídio. Para a psicóloga Giovana Guzzo, os casos mais frequentes de depressão são o período pós-parto, a bipolaridade, a depressão reativa ou hipomaníaca. Para a psicóloga, a primeira e melhor forma de prevenção é o respeito com a pessoa que está nessa situação. "Não chamar de fraco quem tem depressão. São preconceitos que fazemos, enquanto sociedade e atrapalham. É preciso escrever sobre o tema com um bom olhar, evitar piadas e estar aberto a conversar".
O psicanalista Marcos Estevão Moura, explica que há características relevantes nos comportamentos de um suicida. "O primeiro grau é o pensamento de morte, a pessoa normalmente conversa sobre o possível falecimento de conhecidos com o médico. Há uma dúvida sobre a vida, a pessoa questiona 'por que viver?' O paciente tem planos e pensamentos de se matar. Em seguida há o comportamento suicida com uma tentativa e posteriormente o ato concretizado de autoextermínio".
Os dados da OMS indicam que há um grupo de risco com maior incidência de suicídio, entre eles estão idosos, mulheres e jovens entre 15 a 29 anos. O psicanalista afirma que o apoio da família e dos amigos são necessários para auxiliar no tratamento de um paciente e ressalta que suicídio é um problema de saúde pública.
Fonte: Marcos Estevão Moura (Psicanalista)
Um estudante, que prefere não se identificar, enfrenta a depressão há 10 anos e foi internado, pelo menos, cinco vezes por tentativa de suicídio. “Muitas vezes me deparei com a situação em que nada no mundo me despertava interesse. Todas as coisas de que mais gostava e prezava já não faziam sentido algum e logo a única vontade que tinha era de morrer”.
Para ele, a melhor forma de prevenção é ter por perto amigos e familiares dispostos ajudar. “No meu caso, muitas vezes isso ocorreu quando estava só, sem ninguém pra me amparar. O segredo, então, era sempre manter alguém por perto, conversando comigo, ouvindo meus desabafos”. O estudante afirma que conhece pessoas que foram salvas por um telefonema de alguém disposto a ouvi-las e ressalta a importância da conversa como auxílio à prevenção.
Segundo o estudante “quem tem depressão grave, o risco de suicídio é sempre iminente e basta um pavio aceso para que uma tragédia venha a acontecer. Essas pessoas têm sempre de estar muito bem amparadas para que nada venha a acontecer". Ele ressalvou que todo cuidado é necessário e a união entre especialista e família são fundamentais para uma possível prevenção. Ressalta ainda a importância da mídia na difusão de informações. “Por exemplo, o caso que ocorreu esta semana, em que um rapaz se suicidou no viaduto. Os jornais trataram como mais trágico o trânsito que ficou parado do que o suicídio por si só. Conscientização sobre o assunto, como por exemplo, identificar o risco e preveni-lo”.
Psicóloga fala sobre luto familiar durante palestra da OAB (Foto: Tayana Vaz)
Para a psicóloga, especialista em saúde mental, Cláudia Malfatti, a prevenção se dá por meio de respeito, sem julgamento e com o trabalho de um profissional. “Se você desconfia que um conhecido quer se matar, seja direto e pergunte". Malfatti trabalha com o posvenção, o tratamento de pacientes que perderam alguém por suicídio e tem dificuldade de superar o luto. De acordo com a psicóloga, o luto do familiar passa por etapas como a culpa, raiva, vergonha, fracasso, alívio e transtorno pós-traumático, "Quem fica também precisa de cuidado, o luto do suicídio é um dos mais difíceis de ser superado”.
O Centro de Valorização da Vida (CVV), foi criado no ano de 2001 em Campo Grande. A instituição, sem fins lucrativos e voluntária, tem o objetivo de prevenir o suicídio por meio de conversas telefônicas. O grupo atende a Capital pelo número 141 e o interior de Mato Grosso do Sul pelo telefone 3383-4112. A equipe é formada por 40 voluntários que trabalham durante quatro horas semanais. Segundo o voluntário Roberto Sinai, o ideal para a demanda de atendimento seria, pelo menos, 94 voluntários. "O atendimento oferecido pelo CVV é uma forma de prevenção ao suicídio focado na atenção e trabalhada com sentimento. A pessoa que pensa em suicídio não quer ser julgada e nem aconselhada. Ela quer ser ouvida e nós do CVV criamos uma relação com essa pessoa para falarmos sobre sentimentos”.
Sinai afirma que por meio da atenção ao paciente é feita a prevenção. “A prevenção primária ao suicídio pode ser feita em casa e basta dar carinho e atenção ao familiar, da união do amor ao próximo, compreensão do problema, ouvir, não aconselhar e nem julgar e acreditar no potencial do atendimento, é possível prevenir prevenir o suicídio".