Campo Grande é a cidade com maior número de casos registrados de dengue em Mato Grosso do Sul, em 2016, com 28.437 notificações. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde, os dados também revelam índice elevado nas primeiras semanas de 2017. São 85 casos notificados na capital sul-mato-grossense nos primeiros 15 dias deste ano.
O Comitê Municipal de Prevenção e Combate à Dengue se reuniu no dia 17 deste mês para apresentar ações de combate e fiscalização de focos do mosquito Aedes aegypti. Os bairros Moreninhas, Cidade Morena, Noroeste e Chácara dos Poderes são os que apresentam a maior incidência da doença na capital. Para o prefeito Marcos Trad Filho (PSD), a situação está controlada e estável, mas é preciso manter a vigilância. "A população tem que entender que não é porque não está tendo situações de epidemia que ela tem que largar a vigilância nos seus municípios. Se a gente acomodar nesse tipo de vigilância, a infestação de dengue aumenta e aí você tem os casos”.
De acordo com o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), apresentado durante a reunião no dia 17, 76,8% dos focos são encontrados nas residências, 12,6% no comércio, 8,1% em terrenos baldios e 2,4% outros locais.
O secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela afirmou que as ações de combate na capital foram iniciadas e que é preciso o envolvimento da população para controlar a doença. “O LIRAa mostra que mais de 70% dos focos estão nas residências, ou seja, nas nossas casas. O poder público, unindo forças com a sociedade civil organizada, está fazendo sua parte com ações intensificadas neste período. Mas é preciso que cada um faça sua parte para vencer esse vetor".
Mutirão
A prefeitura realiza nos bairros de Campo Grande a borrifação de inseticida capaz de eliminar as fêmeas do mosquito, que além da dengue, também é transmissor da febre chikungunya e do zika vírus. O objetivo é intensificar o combate ao mosquito Aedes aegypti.
De acordo com o prefeito, 1.500 agentes vão reforçar a vistoria para eliminação dos focos do mosquito. No último dia 18, o bairro Jardim Noroeste recebeu a visita dos agentes que estiveram em 573 imóveis e eliminaram 1.114 possíveis criadouros do transmissor.
A dona de casa Márcia Oliveira de Souza, de 47 anos, moradora do local, disse que cinco pessoas de sua família tiveram dengue. Ela reclama da grande quantidade de lixo que é encontrado em terrenos abandonados na região. “As pessoas não têm consciência que não pode jogar lixo nos terrenos, porque muita água acumula em pneus e aí favorece o mosquito”.
Novas soluções
Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) desenvolvem estudos de produtos que contribuam para eliminar o mosquito. O professor da Faculdade de Medicina da UFMS, Rodrigo Juliano Oliveira e a aluna de doutorado em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-oeste, Juliana Miron Vani produziram um larvicida para auxiliar no controle dos focos do mosquito.
O produto é extraído da casca da castanha de caju e pode ser utilizado em caixas d´água para matar as larvas do Aedes aegypti. De acordo com Oliveira, são necessários cinco miligramas do larvicida diluídas em um litro de água para eliminar as larvas do mosquito em até 24h.

O professor explica que larvicidas utilizados atualmente causam danos à saúde e ainda levam à malformação de fetos em mulheres gestantes. “Após os testes de toxicidade que realizamos no produto que estamos desenvolvendo, já comprovamos que ele não oferece riscos ao material genético e nem aos fetos de gestantes. Então, até o momento nós temos uma indicação de maior segurança do nosso produto em comparação aos que estão no comércio”.
Juliana Vani explica que após o término dos testes toxicológicos, o próximo passo é utilizar o produto em bairros de Campo Grande. “Vou elaborar o LIRAa junto com o pessoal do Centro de Controle de Endemias e Vetores, e então escolher três bairros com índices próximos para aplicar o produtos nas caixas d’água das residências”.