A campanha “Não passe do limite” começou neste mês em Campo Grande com objetivo de diminuir a exposição dos frentistas ao benzeno, substância presente na gasolina, e considerada altamente tóxica e cancerígena pela Organização Mundial de Saúde, OMS.
Segundo a chefe do Serviço de Fiscalização de Saúde do Trabalhador, Cristiane Freire, a ação é do Serviço de Fiscalização de Saúde do Trabalhador, Sestrab, Ministério Público do Trabalho, MPT-MS, Superintendência Regional do Trabalho, o Ministério do Trabalho e Emprego, MTE e do Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Mato Grosso do Sul.
A intoxicação pelo benzeno pode causar vários problemas à saúde, com explica Cristiane Freire, “principalmente os respiratórios, como bronquite, bronquiolite, dermatite, se tiver contato com a pele e o pior de todos é a absorção na corrente sanguínea e pela respiração que pode causar o câncer. O câncer é complicado de diagnosticar, porque a pessoa vai fazer esse nexo com o benzeno talvez após de estar na atividade de frentista há dez anos ou mais, então é muito difícil o diagnóstico porque ele teve a exposição, mas o dano aparece somente depois de dez anos”.
Cristiane Freire ressalva a importância do uso da trava automática no abastecimento. “Esta campanha visa à conscientização do frentista, do proprietário do posto e dos clientes, para deixar que o abastecimento seja feito no automático. Isso é uma proteção coletiva, porque ele coloca a bomba no tanque e se afasta do carro, assim ele não tem o contato. Quando a bomba está no automático ela faz o “clique” e assim ele volta e tira a bomba do tanque, então não tem a evaporação. O que nós queremos é isso, o coletivo”.
O gerente do posto Figueira Rui Barbosa, Antônio José Rodrigues diz que a Campanha é importante. “A campanha foi essencial para a gente saber sobre o benzeno. Depois que participamos da reunião ficamos sabendo do risco à saúde e assim abraçamos a causa. Ainda não estamos deixando na trava (automático), talvez por um pouco de insegurança, porque às vezes ficamos com medo de não travar ou soltar e manchar o carro do cliente. Então vamos fazer isso gradativamente para acostumar e confiar”.
Rodrigues fala sobre a necessidade de conscientizar os clientes. “A maioria pede para encher até a boca e quando passamos a informação ficam bravos. Hoje mesmo aconteceu isso aqui, eu mostrei o papel da campanha e a lei, mas não estão nem aí, falam que a gente não quer vender e não estamos sendo profissional, enquanto na verdade estamos fazendo isto para proteger o carro do cliente, os funcionários e até mesmo a pessoa”.
O auditor fiscal do trabalho, Kleber Silva afirma que esta etapa da campanha exige equipamentos de segurança em apenas alguns casos. “Estamos exigindo máscaras apenas em procedimentos que tenham maior exposição, como receber gasolina do caminhão pipa. O que é exigido neste momento é o abastecimento até o automático.”
Segundo Cristiane Freire também é necessário que os frentistas realizem exames médicos, “vamos explicar que a questão do benzeno deve ser contemplada dentro dos programas, tanto do programa de prevenção de acidentes, o programa de prevenção de riscos ambientais, como o programa de controle médico de saúde ocupacional, que tem que ser feito por todos os trabalhadores quando entram para trabalhar em uma atividade. Então essa exposição do benzeno tem que ser contemplada no exame periódico. Tem que haver análises e exames complementares de urina e sangue visando essa contaminação para o benzeno”.
A chefe da Sestrab fala que o procedimento dos exames têm alto custo e que por isso muitos donos de postos acham inviáveis. “O exame de urina deve ser feito no quinto dia da jornada de trabalho no final do expediente semanalmente, assim tem um controle periódico e um monitoramento da saúde do trabalhador. É um exame laboratorial caro e não temos em Campo Grande, ele é enviado para São Paulo”.
Kleber Silva diz como vai ser a periodicidade da fiscalização. “De acordo com a demanda e os projetos. Contamos com parceria dos sindicatos, principalmente dos trabalhadores, caso eles identifiquem alguma irregularidade depois de passar por essa campanha eles nos procuram e tomamos as atitudes”.
A chefe da Sestrab afirma que a campanha é rotina dentro das inspeções e acrescenta que, “toda questão de conscientização, talvez não seja nossa geração que vai ter frutos e sim a geração futura, dos nossos filhos e netos. Quando você trabalha com conscientização é em longo prazo não imediato”.

Motorista deve abastecer seu veículo até a trava automática - (Foto: Juliana Peruchi)




