A Campanha Nacional contra a Poliomielite e o Sarampo, inicialmente programada para o período de 6 e 31 de agosto, foi prorrogada por três vezes pelo Ministério da Saúde e se estendeu por 30 dias. Segundo informe técnico divulgado pelo Ministério da Saúde, durante o prazo regular, Mato Grosso do Sul possuía o oitavo menor índice de vacinação do país. De acordo com o assessor de comunicação da Secretaria de Estado da Saúde de Mato Grosso do Sul (SES/MS), Airton Raes após a prorrogação da campanha, mais de 157 mil doses das vacinas contra a Poliomielite e o Sarampo foram aplicadas, e alcançou 99,50% de cobertura vacinal em todo o Estado.
Os índices de cobertura vacinal chegaram, em Campo Grande, a 94,29% (Pólio) e 93,67% (Sarampo). A capital está entre os quatro municípios do Estado abaixo do índice estabelecido pelo Ministério da Saúde. A gerente técnica de imunização da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Joseane Recalde afirma que falta sensibilização dos pais e responsáveis, principalmente no caso de crianças menores de um ano. “A campanha foi amplamente divulgada, não somente aqui pelo município, mas pelo governo federal, pelo Ministério da Saúde. Então é muito mais da conscientização e da sensibilização dos pais”.
Joseane Recalde ressalta que os prejuízos do baixo índice de vacinação atingem toda população. Para ela, é necessário que haja consciência coletiva dos pais e responsáveis. “A faixa etária é muito preocupante, por que é uma faixa etária que está em contato com outras crianças em Centros de Educação Infantil, em escolas. A gente precisa prevenir para que não ocorram mortes”.
De acordo com o assessor de comunicação da SES/MS, Airton Raes estes fatores estão relacionados à disseminação de notícias falsas sobre a segurança e eficácia das vacinas. “A descrença com as vacinas fez com que alguns pais não achassem mais necessário levar os filhos para vacinarem. Correntes em grupos de Whatsapp com informações falsas e fake news contribuem para a não vacinação das crianças”.
A médica infectologista Priscila Alexandrino explica que a imunização é fundamental para aumentar a expectativa de vida da população por meio da prevenção de doenças fatais. “Se ela não previne completamente ela atenua os sintomas, especialmente nas populações com maior risco de agravamento do caso, como por exemplo, idosos, diabéticos e indivíduos com doenças imunocomprometedoras”.
O Ministério da Saúde oferta todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao todo, são 19 para combater mais de 20 doenças, em todas as faixas etárias. Por ano, são cerca de 300 milhões de doses de imunobiológicos distribuídos em todo o país.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, foi criado em 1973, com o objetivo de coordenar ações de imunização. São apontadas como conquistas do PNI a erradicação da poliomielite e da varíola, e a eliminação da circulação do vírus autóctone do sarampo, desde 2000, e da rubéola, desde 2009. A queda acentuada nos casos e incidências das doenças imunopreveníveis também foi registrada, como as meningites por meningococo, difteria, tétano neonatal, entre outras. A infectologista Priscila Alexandrino afirma que a consciência da vacinação é essencial e que a principal consequência do baixo índice de vacinação é o retorno destas doenças erradicadas.
Segundo a médica infectologista Priscila Alexandrino, as vacinas são totalmente seguras. Ela ressalta que todas são testadas antes de serem liberadas em larga escala para as unidades de saúde. “Obviamente processos alérgicos ou alguns eventos adversos menores podem acontecer. Contudo, existem estudos muito específicos antes de uma vacina ser liberada, portanto, a segurança é extremamente elevada”.
As unidades de saúde municipais atendem das 7h15 às 11h e no período da tarde das 13h às 16h45. Segundo Joseane Recalde, no período das campanhas de vacinação, os pais também podem buscar as unidades nos finais de semana e feriados. Em relação ao acesso da população rural, a gerente técnica afirma que existem unidades específicas. “Elas fazem uma programação de conscientização primeiro, nessas regiões, nessas comunidades, e depois, elas vão lá e fazem a vacinação, tanto nessas rurais, como nas indígenas”.