O 6º Grupamento de Bombeiros Militar desenvolve, há aproximadamente dois meses, o projeto social Terapia Com Cães para auxiliar no tratamento de crianças com necessidades especiais da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e da Escola Municipal Múcio Teixeira Júnior em Campo Grande.
O autor e coordenador do projeto, Capitão Fábio Pereira de Lima, afirma que soube da técnica por meio de um curso de bombeiros em Santa Catarina no ano de 2009. “Como eu já tinha um cachorro resolvi treiná-lo para participar desse projeto social; é também uma maneira do Corpo de Bombeiros interagir com a sociedade”.
A terapia assistida por cães é conhecida como cinoterapia. As sessões ocorrem uma vez por semana com duração de uma hora. Participam diversos profissionais como professores, fonoaudiólogo, psicólogos, pedagogos, fisioterapeutas, um oficial dos bombeiros e um auxiliar. O Capitão Fábio Pereira de Lima lembra que os pais também podem acompanhar a sessão.
Segundo o bombeiro, qualquer cão pode ser terapeuta desde que haja um acompanhamento do animal. “O cachorro precisa apresentar algumas características, como ser dócil, tem que ser vacinado, ter boa saúde e o mais importante é a questão comportamental, para que ele não estranhe puxões, barulhos e até mesmo outros animais”.
As atividades, de acordo com o idealizador, variam desde caminhadas, passeios com obstáculos, escovação e carinho nos cães. "Esse tipo de interação auxilia muito na coordenação motora das crianças". O capitão também lembra que o trabalho pedagógico é feito aos poucos. "Nós não pressionamos os alunos a ficarem junto aos cães, porque eles precisam primeiro se sentir seguros e confiantes".
A expectativa do coordenador é expandir o projeto em outras escolas. "Nós queremos cumprir com a APAE e o Múcio durante um ano para depois agendar visitas técnicas a outros lugares". O bombeiro lembra que, por enquanto, apenas dois cães fazem parte do projeto, Airon, de cinco anos, e Cauê, de oito, ambos da raça Golden Retriever. "Temos também uma proposta de construção de um canil no quartel, mas ainda precisamos de mais recursos e tempo disponíveis".
O projeto começou em julho deste ano na escola Múcio Teixeira Júnior. A diretora, Cleia Aparecida Freitas Siqueira afirma que, pelo colégio ter uma metodologia de inclusão, é evidente a necessidade desse tipo de terapia. "É uma forma bastante eficaz de auxiliar na autonomia e integração dessas crianças, além de melhorar a autoestima e comunicação".
Para a professora auxiliar pedagógica especializada, Juliana Soares, a mudança comportamental dos seus alunos tem se tornado cada vez mais visível. "No início um dos meus alunos, que tem paralisia cerebral, mal conseguia segurar a coleira. Hoje ele já passeia com mais facilidade e consegue manter a mão firme". Além disso, a educadora lembra que as crianças mal podem esperar pelo dia de passear com os animais. "No dia anterior todos já ficam ansiosos e não param de perguntar se os cães virão mesmo".
Na APAE, o projeto está em sua terceira sessão e possui nove alunos. A escolha desses alunos, conforme esclarece o fisioterapeuta Felipe Zampieri, é para que a escola consiga fazer uma avaliação da evolução dos alunos nesse tipo de terapia e dar continuidade ao tratamento para o restante das crianças.
Para a dona de casa Maria do Carmo, mãe da Mariana, que é portadora de síndrome de down, o tratamento trouxe melhorias para sua filha. “Eu consegui notar que ela está bem mais tranquila”.
A assistente social da instituição, Adriana Ferreira Fortunato, disse que consegue perceber algumas mudanças nas crianças. “Tiveram algumas na primeira sessão que não queriam nem encostar no cachorro, puxavam o pelo, ficavam isoladas num canto. Mas a partir da segunda sessão, já passaram a interagir e passear”. O desenvolvimento de cada aluno, segundo a assistente social, será avaliado por meio de um relatório ao final de seis meses, para que a equipe multidisciplinar possa obter um resultado geral da terapia.

Bombeiros realizam a terceira sessão de terapia com alunos da Apae - (Foto: Alessandra Marimon)




