Audiência Pública realizada pela 67ª Promotoria de Justiça dos Direitos Humanos discutiu sobre o Parto Humanizado no estado e debateu ainda problemas ligados a temática como violência obstétrica e propor políticas públicas para garantia da autonomia da mulher na sociedade, o evento ocorreu no dia 20 de agosto, em Campo Grande.
A promotora de Justiça titular da Promotoria de Direitos Humanos da Comarca de Campo Grande, Jaceguara Dantas da Silva Passos explica o que motivou a Associação Artemis a trazer essa temática da audiência.
“Benefícios do parto humanizado para mãe e seu bebê no 1º ano de vida”, “A Assistência ao parto e as violações de Direitos Humanos”, "Práticas recomendadas pelo Ministério da Saúde para a assistência ao parto”, “Rede cegonha” e “Parto Humanizado na perspectiva do método clinico centrado na pessoa”, foram temas pautados na programação.
A audiência teve como expositores o médico homeopata e acupunturista, Luiz Darcy Gonçalves Siqueira; a presidente da Associação Artemis, Raquel Marques; a fisioterapeuta, Angela Rios; o médico obstetra e presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Mato Grosso do Sul (SOGOMATSUL), Paulo Saburo e o médico ginecologista e obstetra Wilson Ayach.
Médicos, enfermeiros, gestores públicos em sua maioria mulheres e militantes feministas participaram da Audiência. Segundo a promotora de Justiça de Direitos Humanos Jaceguara Dantas da Silva Passos as pessoas que deveriam ouvir o que foi dito estavam muito ocupados, “estamos discutindo sobre a humanização dos partos e violência obstétrica, mas quem deveria ouvir o que estamos dizendo não está aqui.”. A representante da Rede Parto do Princípio e voluntária da Associação Artemis em MS, Camila Zalet reafirma sobre essa falta de interesse.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul, entre 2007 e 2011 menos da metade dos nascimentos, cerca de 45% dos partos, foram normais. No Brasil 48% dos nascimentos ocorrem sem intervenção cirúrgica, no setor privado esse índice chega a 12%. Segundo dados da pesquisa “Nascer no Brasil” coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz, em parceria com Ministério da Saúde e Agência Nacional de Saúde Suplementas, ANS divulgada em junho de 2014 apenas 5% desses partos não possuem intervenções.
Gráfico: Juliana Barros
De acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde, OMS, a taxa aceitável é de até 15% dos partos sejam realizados por meio de procedimento cirúrgico. Segundo médico homeopata e acupunturista, Luiz Darcy Gonçalves “mesmo as cesarianas não podem deixar de ser humanizadas”.
Responsável por expor perspectivas do método clinico o médico ginecologista e obstetra, Wilson Ayach explica que o atendimento é voltado à biologia da parturiente e os protagonistas são os profissionais da saúde. “É preciso voltar os olhos a pessoa e devolver o protagonismo do parto à mulher”.
Em 2000 a Organização das Nações Unidas estabeleceu oito objetivos do milênio, entre eles a redução da mortalidade materna. Para Raquel Marques, a cesariana preocupa pois ela aumenta de três a seis vezes as chances de morte da mãe e do bebê. “O Brasil não vai cumprir as metas da Organização das Nações Unidas por esse fator. A cesariana não é mais segura que o parto normal”.
A promotora de Justiça, Jaceguara Dantas da Silva Passos avaliou a Audiência Pública de forma positiva, e afirmou que “após essa audiência serão sintetizadas as propostas e, posteriormente, encaminhadas aos gestores públicos, a fim de que procedam as adequações às disposições legais e adotem condutas que visam garantir os direitos da mulher na execução da Política do Parto Humanizado”.
Violência obstétrica em pauta
A violência obstétrica também foi abordada na Audiência Pública sobre parto humanizado, por meio de denúncias durante as falas das participantes e da presidente da Associação Artemis, Raquel Marques, que iniciou sua participação "falando em nome de mulheres que sofrem violência obstétrica".

Audiência Pública sobre parto humanizada tem participação de médicos, representantes do estado e movimentos sociais - (Foto: Fernanda Palheta)




