POLÍTICA

Tribunal Regional Eleitoral disponibiliza ferramenta para denúncias

Plataforma “Web Denúncia” registrou 27 denúncias de infrações eleitorais no estado em 20 dias

Dândara Genelhú, Pâmela Machado e Stefanny Azevedo 6/09/2018 - 15h50
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O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS) disponibilizou, no dia 20 de agosto, em sua página na internet a ferramenta “Web Denúncia”, plataforma que permite ao eleitor denunciar crimes eleitorais ocorridos durante as eleições de 2018. Para o usuário realizar a denúncia deve preencher qual infração foi cometida, a data, o local da ocorrência, a cidade, a descrição da ocorrência, o nome do infrator e o seu partido. A denúncia é cadastrada se houver foto, áudio ou vídeo que comprove o crime. De acordo com dados divulgados pelo TRE-MS, até o dia cinco de setembro de 2018 foram realizadas 27 denúncias com 23 infrações realizadas em Campo Grande.

Outro sistema desenvolvido pela Justiça Eleitoral é o aplicativo Pardal, disponível gratuitamente nas plataformas IOS e Android. Conforme informações na página na internet da Justiça Eleitoral, o aplicativo recebeu melhorias para as eleições deste ano, como registrar denúncias contra coligações e partidos. O Web Denúncia e o Pardal necessitam da identificação do denunciante com nome, Cadastro de Pessoa Física (CPF) e título de eleitor.

De acordo com a Lei Nº4.737 crimes eleitorais são ações realizadas em qualquer fase do processo eleitoral. As infrações vão da violação de sigilo do voto à utilização de sorteios e distribuição de mercadorias para aliciação de votos. Segundo o juiz auxiliar da propaganda do Tribunal Regional Eleitoral, Juliano Tannus os crimes mais comuns em Campo Grande são propagandas em lugares indevidos e abuso de poder econômico.

Fatores Influenciadores nos Crimes Eleitorais

De acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral, 1.102 infrações foram registradas pelo "Web Denúncia" no Mato Grosso do Sul durante o período eleitoral de 2016. As principais eram sobre compras de votos, arrecadação ou gastos ilícitos em campanhas e condutas proibidas para agentes públicos. Tannus comenta que outro fator influenciador nos crimes eleitorais são as notícias falsas. “Isso atenta contra a democracia, porque na democracia subentende-se que a população deve ter a informação verdadeira”.

Segundo o cientista político Vitor Miranda os fatores que podem influenciar o crime eleitoral são situações econômicas e anti-sociais. Com uma punição pequena, os participantes do processo eleitoral são estimulados a cometer crimes. “A única maneira de haver controle sobre isso, é efetivamente contruir normas que sejam capazes de inibir a prática do crime”.

O cientista político afirma que as instituições representativas do estado estão em crise, com dificuldade dos eleitores se identificarem com partidos políticos. "A inserção dessas tecnologias são necessárias e trazem ao cotidiano das pessoas uma essência democrática que foi perdida". Miranda diz que há preocupação dessas alternativas serem supervalorizadas. “A denúncia é feita por aquele cidadão que tem consciência, mas muitos crimes eleitorais são cometidos entre quatro paredes”.



Em pesquisa  realizada com 40 eleitores entre 18 e 45 anos, a equipe de reportagem do Primeira Notícia constatou que a maioria dos entrevistados sabe o que é crime eleitoral e cinco desconheciam esse tipo de infração. A falta de divulgação das plataformas de denúncias resulta em 28 pessoas que desconhecem qualquer ferramenta. De acordo com os resultados, quatro das 22 pessoas que presenciaram alguma violação denunciaram. Vinte e sete dos entrevistados afirmaram que fariam uma notificação se soubessem como delatar esses crimes.

A operadora de telemarketing Carmem Juliana de Barros afirma que em eleições passadas os crimes eleitorais eram cometidos de forma explícita. Carmem Juliana comentou que durante a fila de votação, representantes dos candidatos entregavam “santinhos” com cédulas de dinheiro para compra de votos. Sem conhecimento de plataformas para denúncias, os eleitores buscavam voluntários que trabalhavam nas zonas eleitorais. “Antigamente a gente chamava aquelas pessoas que ficavam de fiscais nas urnas”.

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