A estudante do curso de Nutrição da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Thalita de Jesus participou do protesto em Campo Grande. Para ela, a nutrição está em todos os lugares e, por isto, é necessária a fiscalização sobre a produção de alimentos e formulação de políticas públicas eficientes. “Isso não está localizado apenas aqui na capital, mas em todos os cantos. Apoiar o trabalho e o movimento é importante. É importante pensar também nas comunidades carentes e sua relação com a alimentação”.
Movimento Slow Food
O movimento internacional chamado “Slow Food” surgiu em 1986, devido ao crescente consumo de fast food nos países. Segundo o gastrônomo e representante do Slow Food em Campo Grande, Anderson Medeiros, o objetivo principal do movimento é desenvolver atividades que incentivem a alimentação sustentável e o trabalho dos pequenos produtores da região. “O movimento apoia o pequeno produtor, o quilombola e o indígena, nesta questão de trazer o alimento mais perto. Então, existe uma preocupação em trazer o alimento bom, limpo e justo. Bom, no sentido de bom para comer. Limpo de agrotóxicos e que se pague um preço justo ao pequeno produtor, que é o foco do Slow Food”.
Medeiros, representante do movimento Slow Food, participou da manifestação na capital
(Foto: Caio Teruel)
De acordo com Medeiros, o movimento Slow Food em Mato Grosso do Sul há poucos adeptos. “Ainda é um movimento pequeno aqui, a gente têm no grupo umas 30 pessoas e a maioria é composta por chefes de cozinha, mas o grupo de produtores ainda é pequeno. Existe um certo desconhecimento sobre o movimento”.
Medeiros ressalta que o movimento também objetiva estabelecer o diálogo entre gastrônomos e pequenos produtores. “A gente não produz, mas tentamos fazer uma ponte entre essas classes. Além disso, também tentamos fazer trabalhos de capacitação com associações e pequenos grupos de produtores, para entender um pouco mais essa relação do produto com o consumidor final”.
Para Medeiros, a extinção do Consea representa um retrocesso nas conquistas nos últimos anos em segurança alimentar no Brasil e afeta projetos em andamento. “Essa segurança alimentar junto aos projetos do Governo podem acabar por conta disso. Tudo isso vai afetar o pequeno produtor e o trabalho que a gente tenta fazer de trazer ele e os produtos para a merenda escolar. Com essa extinção, vários projetos podem acabar e prejudicar todo um ciclo”.