Campo Grande foi uma das capitais brasileiras a receber manifestações pró e contra o candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro no dia 29 de setembro. A uma semana do primeiro turno das eleições 2018, representantes de movimentos sociais, voluntários de campanha e lideranças políticas caminharam simultaneamente pela Orla Morena e altos da Avenida Afonso Pena para contestar ou apoiar o deputado federal. Os organizadores dos dois eventos contabilizam cinco mil pessoas no ato contra e 600 no ato pró.
A manifestação "Mulheres Contra Bolsonaro" teve início na Praça Cuiabá. Durante três horas, mulheres, crianças e representantes de movimentos sociais caminharam pela Orla Morena com cartazes roxos em que se liam frases contra o candidato, bandeiras com as cores do movimento LGBT e adesivos com a hashtag da campanha "Ele Não".
A cantora e artista Marta Celso participa pela primeira vez de uma manifestação. Ela entende sua participação como uma forma de expor seus pensamentos e opinar sobre a política. “Essa manifestação é a primeira da minha vida. Em muitos momentos eu não me manifestei contra o racismo e contra o machismo, mas sofri muito na minha infância e hoje é muito importante pra mim, é um ato libertador. Enquanto cidadã eu preciso me manifestar e dizer o que eu penso e o que eu quero pro meu país".

A professora e uma das organizadoras do evento, Natália Felix afirma que a manifestação foi organizada por meio dos grupos sociais. “A iniciativa foi uma coisa grupal, a gente viu uma postagem da Romilda perguntando das mulheres de Mato Grosso do Sul lá no grupo nacional ‘Mulheres unidas contra Bolsonaro’ e as meninas foram respondendo, comentaram ‘Vamos fazer um ato em Campo Grande’ e uma foi chamando a outra. Eu criei um grupo no inbox [serviço de mensagens instantâneas] do Facebook e fui adicionando, mas foi tudo horizontal, cada uma se encarregando do que lhe parecia viável”.
Uma das participantes, Marjorie Saldanha enfatiza a união feminina da manifestação, independente do posicionamento político de cada uma. “Foi muito importante e muito interessante a união de mulheres de esquerda, de direita, de centro. A mulherada se uniu exclusivamente pra lutar contra o fascismo. Desse movimento já surgiram amizades que a gente tava precisando, já que as mulheres estão sem apoio”.
A professora de Artes, Leni Stefanny destaca a união entre militantes de movimentos sociais. “Essa questão de me posicionar, juntar forças com os movimentos, não se sentir só, não acreditar que é só você que é contra as coisas que essa pessoa propaga”.
A estudante do curso de Design da Universidade Anhanguera - Uniderp, Thaynara Camacho acompanhou toda a manifestação e expressou seu contentamento com a marcha. “Para mim é um sinônimo tanto de liberdade quanto de voz para o povo. Eu acho que é um movimento que está impulsionando muitas pessoas como a gente vê por aqui e vai ser memorável pois as novas gerações vão saber sobre isso".

A professora de ensino fundamental, Luciana Félix afirma que a manifestação representou seu retorno à vida política após suas participações em grêmios e movimentos estudantis. Para ela, é impossível dissociar a realidade de sala de aula da realidade política do país. "De uns dois anos pra cá voltaram a acontecer coisas que eu não via há muito tempo, inclusive criança chorando de fome. A gente sabe que tudo está interligado. Se a família recebe algum benefício social, se a família não recebe, se a família tem algum amparo ou se não tem, está tudo ligado à política".
No ato a favor do candidato Bolsonaro, a concentração ocorreu nos altos da avenida Afonso Pena. Diferente dos protestos ocorridos na Orla Morena, na ação denominada "Mulheres com Bolsonaro" evitou-se a circulação dos participantes, que permaneceram próximos a Cidade do Natal durante três horas com bandeiras do Brasil, camisetas amarelas e adesivos no peito. A programação incluiu orações a Bolsonaro e canto do Hino Nacional Brasileiro.

Um dos organizadores do ato pró-Bolsonaro, Matheus Duarte explica que o evento objetiva retratar uma imagem diferente do candidato à presidência. "Queremos quebrar toda a falácia de que o Bolsonaro é machista, rascista e homofóbico. A força que a gente está passando é para mostrar que ele não está sozinho nessas eleições, e que ele defende e luta contra a ideologia de esquerda que visa destruir a nossa família".
A também organizadora, Morgana Lima enfatiza os motivos para apoio das mulheres ao candidato. "Bolsonaro é o único presidenciável que tem políticas pró-mulher, como por exemplo passar para crime hediondo estupros e a castração química. São projetos que nos beneficiam mais do que qualquer outro candidato". A organizadora ressalta a presença de pessoas da comunidade LGBT no evento. "Tivemos aqui grupos de homossexuais que estavam com bandeiras apoiando o Bolsonaro. A nossa maioria aqui era mulher, apesar de não termos feito distinção de sexo no evento".
A candidata a senadora em Mato Grosso do Sul, Soraya Thronicke afirma representar a força feminina presente na manifestação. "Eu represento a força da mulher conservadora. Eu estou aqui justamente para provar que ele não é machista, não é corrupto, não está na Lava Jato e quer a ordem e o progresso no Brasil".

A assessora de imprensa e líder do Movimento Pátria Livre, Juliane Pontes afirma que um grupo de voluntários montou um comitê para financiar a campanha do candidato. Além das doações em dinheiro, também custearam a fabricação de adesivos para veículos. Pontes diz ser a favor da meritocracia e nega a diferença salarial entre homens e mulheres. "Eu acho que as pessoas tem que ter capacidade, meritocracia acima de tudo! Eu nunca ganhei menos que homem, então vou lutar pra dizer que isso é mentira".
Para a advogada e corretora de imóveis Adriana Ratier, a esperança de mudanças no país está ligada ao candidato do Partido Social Liberal (PSL). "Eu acho que nosso país precisa urgentemente mudar. Nós estamos apostando que o Bolsonaro nesse momento tem condições de mudar o Brasil".
A economista aposentada Gildete Marques aponta os motivos de desejar que o candidato tenha a maioria dos votos nas urnas no dia 7 de outubro. "Nós precisamos tirar o Brasil na lama que está, nós temos que tirar a esquerda, temos que fazer de tudo para o Bolsonaro ganhar no primeiro turno; e nós estamos acreditando nisso, na vitória no primeiro turno, não podemos deixar o Brasil virar uma Venezuela."