A Central de Atendimento ao Turista Vítima de Violência (CATTV), criada pela Lei Municipal 5876 no dia cinco de outubro, oferecerá serviços de assistência jurídica e ações voltadas para prevenção e combate à violência contra o turista na capital. De acordo com o vereador Wellington de Oliveira a Lei teve como base informações da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista (Decat), que registrou 2.582 boletins de ocorrência de violência a turistas nos últimos três anos. A Central iníciará os atendimentos em janeiro de 2018.
Segundo o autor do projeto de lei, vereador Wellington de Oliveira, a Central faz parte do Plano Municipal de Segurança Pública, para integrar a segurança com as outras áreas da administração pública da capital. “O grande problema hoje não é a falta de segurança em si, mas a falta de comunicação entre os setores da Prefeitura para trabalharem em conjunto nas questões da cidade, que envolvem infraestrutura, lazer, esporte, saúde e segurança. Não importa qual seja a área de atuação desses setores, tudo deve ser trabalhado de modo integrado, e tudo é questão de segurança pública”.
Para a psicóloga Carla Maciel Castro, o estereótipo da violência na capital é reforçada pela falta de segurança pública na cidade. “Atendo pessoas que vivem com medo de viverem na cidade. Muitas pessoas que foram vítimas de algum tipo de violência, desde psicológica até física, tem a sensação de impotência e insegurança muito grande pela crença da falta da proteção que o município tem hoje. Eu mesma fui assaltada três vezes na cidade e também fico insegura. Então imagina o turista que vem a passeio e é assaltado, ou agredido”.
A coordenadora nacional de eventos dos cursos de Publicidade e Propaganda da Universidade Estácio, Stephanie Malulei Cacciolari, reside no Rio de Janeiro, e foi vítima de violência em Campo Grande quando veio à cidade para visitar a família. Após o assalto Stephanie Malulei ligou para a polícia e relata que houve lentidão por parte da polícia para atender o caso.
Para Stephanie Malulei, a violência e a insegurança de Campo Grande está relacionada à falta de policiamento e agilidade da segurança pública.
A professora de Ciências e residente em Paraguaçu Paulista, interior de São Paulo, Ivani Lucia de Oliveira sofreu violência ao visitar sua filha, que mora em Campo Grande. Ivani Lucia afirma que estava no carro quando foi atacada e teve o veículo levado. “Seis rapazes cercaram o carro e anunciaram assalto, nos tiraram do carro de forma estúpida e simulando armas por baixo de blusão e moletom. Isso aconteceu por volta das 21 horas. Vivemos momentos de pânico, mas graças a Deus não nos machucaram”.
Ivani Lucia relata que fez boletim de ocorrência e que o carro foi encontrado duas horas depois, que o ambiente da delegacia a deixou desconfortável. “Tivemos que reconhecer os assaltantes, ficamos numa delegacia até de madrugada. Laura chorava muito, minha mãe idosa junto com a gente. Tivemos muito medo de presenciarmos cenas de violência na delegacia e piorou quando as famílias começaram a chegar, pois dos seis rapazes, cinco eram menores, e um deles tinha 14 anos. Na época tive sintomas de ataques de pânico e fui afastada temporariamente do trabalho, mas hoje estou bem”.
De acordo com Wellington de Oliveira, o crescimento da criminalidade e da violência contra os turistas são uma parcela dos registros dos boletins de ocorrência. “A central de atendimento ao turista foi criada com um foco específico, mas a violência se estende para além disso. A prefeitura se preocupa em fazer eventos de esportes, de lazer e saúde para a população, mas não tem enfoque na segurança pública. É uma questão que está defasada dentro dos projetos da prefeitura, pois o envolvimento da pauta de policiamento sempre foi, de alguma maneira, colocada de lado no âmbito municipal”.