O advogado Mário Cesar Fonseca da Silva, que esteve presente no desfile, afirmou que as políticas do atual Governo são irresponsáveis, e que isolam o país perante o mundo. “Ele [Bolsonaro], não tem compromisso com a soberania nacional, com a defesa das riquezas e com o patrimônio público”. Silva ressalta que a data comemorativa é emblemática no cenário político atual. “Nunca a independência do Brasil esteve tão ameaçada, é um governo que vem para tirar direitos. Tira daquele que ganha de dois a três salários mínimos”. Ele ainda explica que o apoio ao presidente da República, Jair Bolsonaro diminuiu. “É um governo que ataca o meio ambiente, os trabalhadores, às indústrias. É antidemocrático, tenta se firmar com o apoio de uma pequena parte da sociedade”.
Segundo pesquisa do Datafolha, publicada no dia dois de setembro, a reprovação ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) cresceu de 33% para 38%. O índice de aprovação ao governo continua acima da média entre os brasileiros mais ricos; 39% das famílias com renda de cinco a 10 salários mínimos aprovam o governo. A taxa cai para 22% entre as famílias de renda até 2 salários. A nota média atribuída para o desempenho do governo em relação à presidência é de 5,1. O Datafolha também apresentou a opinião da população sobre o que presidente fez pelo país nos três primeiros meses de governo. Em abril e julho 61% acreditavam que Bolsonaro fez menos pelo país do que o esperado, em agosto esse percentual aumentou para 62.
A professora Silvana Colombelli Parra Sanches ressalva que protesta a favor das minorias, que segundo ela passam por muitas dificuldades. “Precisamos reconstruir o país do ponto de vista social, ambiental, dos indígenas, dos jovens negros, das mulheres negras”. Silvana Sanches ressalta a importância dos protestos, na sua opinião, o atual governo não dialoga com as minorias. A professora afirma que sofre diretamente com o ambiente machista em sua profissão, diz ser importante que um movimento como o Grito dos Excluídos, viabilize as ações realizadas por estes grupos minoritários. “Vivemos num lugar onde o agronegócio mata. Jovens lideranças sofrem, e temos um presidente omisso, que inviabiliza certos grupos sociais”.
Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Bartolina Ramalho Catanante menciona que estar no Grito dos Excluídos é não fazer parte do discurso do atual governo. “Há 35 anos luto por uma educação pública de qualidade. Em pouco mais de 6 meses o governo destruiu lutas democráticas de quase 50 anos”. Bartolina Catanante cita que a parcela da sociedade que se espelha na atual gestão de governo apresenta características que corroboram com o posicionamento governamental, como o pensamento homofóbico. “O movimento engloba a questão dos direitos humanos, e do ‘fora Bolsonaro’”.
Diversas pautas foram ouvidas nas vozes dos manifestantes durante o desfile do Dia da Independência (Foto: Guilherme Correia)
O cabeleireiro Ronaldo de Assis diz que frequenta o desfile anualmente. “Todos os anos venho para o desfile. Em relação à manifestação, acho que tumultuou um pouco. É uma minoria que não influencia em nada na sociedade”. Assis relata que o governo demonstra evolução. “Eu acho que ele [Bolsonaro] está indo no caminho certo. Tem uns problemas para resolver principalmente no combate à corrupção”.