ÁRVORES

Projeto da UFMS promove o reconhecimento das árvores de Campo Grande

O projeto procura estimular o interesse dos acadêmicos da universidade e da comunidade sobre o patrimônio ambiental

Diego Eubank, João Victor Reis e Raira Rembi17/10/2017 - 09h55
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O Projeto “Verde Perto” do curso de Arquitetura da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) faz o reconhecimento das árvores de Campo Grande na cidade universitária. Por meio de oficinas voltadas para o público geral o projeto visa estimular o interesse dos acadêmicos da universidade e da comunidade externa sobre o patrimônio ambiental existente na UFMS e na capital. O "Verde Perto" está integrado ao projeto de pesquisa "Árvores notáveis" coordenado pela mestre em Tecnologias Ambientais Jackeline Zani.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a temperatura máxima média de Campo Grande, em Outubro, é de 30,6 graus, o mês mais quente do ano. No meio urbano a absorção de calor por materiais como o asfalto e concreto resultam na formação de ilhas de calor, que elevam a temperatura local. 

A coordenadora do projeto Verde Perto, Jackeline Zani explica que “do ponto de vista ambiental, a importância do projeto é reconhecer que no campus há muitas e belas árvores, que elas são importantes para o equilíbrio ambiental e que poderiam ser identificadas para servirem ao ensino e à pesquisa”. No projeto são feitas trilhas pelo campus, onde os alunos podem observar cada árvore e identificar as espécies. “Nós já imaginávamos que isso fosse acontecer, mas boa parte das pessoas que participaram do projeto sequer notavam aquelas árvores, mesmo que estivessem convivendo cotidianamente, usufruindo da sua sombra, de todos os seus benefícios. A partir do momento que a pessoa reconhece aquele indivíduo, aquela presença passa ser uma coisa mais pessoal, então ele se apossa do conhecimento e do valor que aquela árvore tem”. 

A doutora em Estruturas Ambientais Urbanas Eliane Guaraldo destaca que as árvores são importantes para o urbanismo. “As árvores estruturam os espaços que não são preenchidos por edifícios, criando tetos e paredes verdes; elas ajudam na localização,  compõem espaços e ambientes apreciáveis por suas flores, frutos, raízes ou outros aspectos notáveis”.

Ainda segundo Eliane Guaraldo, a arborização está interligada ao processo de urbanização das cidades. “Não só é possível associar as árvores ao meio urbano como é desejável e fundamental. As árvores prestam serviços ambientais e inúmeros benefícios às cidades – estéticos, culturais, psicológicos, urbanísticos e ambientais. Alguns exemplos são o conforto térmico, retenção de água da chuva, abrigo de fauna, drenagem, sombreamento e muitos outros”

O biólogo César Caceres Encina afirma que são poucos os projetos na UFMS que abordam o meio ambiente. “Eu vejo o Verde Perto como o primeiro projeto que aborda essa temática. Falta mais projetos que atraia tanto a comunidade acadêmica quanto o público externo e mostrar para eles a importância que a vegetação tem para a sociedade”. Ainda segundo Encina, o projeto desperta a curiosidade da população campo-grandense . “O maior impacto seria atrair a comunidade interna e externa da faculdade , criar uma consciência sobre o conforto térmico e ambiental, os fins medicinais, o sombreamento. Ter essa consciência é muito importante para que ocorra uma valorização maior da natureza”.

O professor de ecologia da Universidade Anhanguera-Uniderp, doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Ademir Morbeck de Oliveira afirma que a arborização urbana distribuída equilibradamente pela cidade pode amenizar a ocorrência das ilhas de calor. "Algumas áreas da cidade têm a vegetação arbórea muito pobre e outras áreas que são bem arborizadas. Campo Grande tem um crescimento dessas áreas verdes desequilibrada. A arborização de toda a cidade, com árvores adequadas, faria com que a cidade fosse mais agradável".

Segundo Oliveira, a capital perde arborização constantemente pelo remembramento e desmembramento de terrenos. “A cidade perde bastante vegetação justamente pelo crescimento urbano desordenado, pela falta de parques e pela questão de casas cada vez mais impermeabilizadas”.

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