TRÁFICO

Comércio ilegal de aves cresce com período de reprodução

II Avistar MS debate preservação ambiental e importância do habitat natural

Amanda Bogo e Caroline Cardoso17/11/2014 - 19h39
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O comércio ilegal de aves costuma ser realizado em Mato Grosso do Sul no fim da Primavera devido ao período de reprodução desses animais. Profissionais e pesquisadores que trabalham com aves se reuniram no encontro de observadores de aves, Avistar MS, que discutiu a preservação ambiental e a importância do habitat natural. 

O encontro aconteceu no Museu Dom Bosco, localizado no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande de 6 a 9 de novembro. Temas como educação ambiental, trilha sonora das aves, aves exóticas, aves do Centro de Reabilitação, entre outros, foram apresentados por mais de 25 palestrantes.

A organizadora do evento, Simone Mamede, acredita que conservação dos ambientes naturais é um fator importante para a preservação das aves. "Existem espécies que dependem, exclusivamente, destes ambientes. Há espécies que vivem em área de mata, tem espécies que dependem das árvores para estabelecer seus ninhos. As aves estão vindo para a cidade, mas por quê? Será que seus habitats estão sendo ameaçados? A gente tem que pensar em um todo".

O Brasil possui 1901 espécies de aves catalogadas segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, e Mato Grosso do Sul possui cerca de 512 espécies. Segundo o Major do 15º Batalhão da Polícia Militar Ambiental, PMAEdnilson Queiroz, estas aves são ameaçadas pelo comércio ilegal, que torna-se recorrente no período de reprodução, de setembro a dezembro.

De acordo com a bióloga do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, CRAS, Maria Isabel Rossi, a preocupação nesta época do ano é com o tráfico de aves silvestres, principalmente, araras e papagaios. "Essas aves são retiradas pelos traficantes no ninho logo após o nascimento no início de novembro". 

Segundo a especialista, o CRAS recebeu neste ano 350 canários peruanos, 750 canários e 153 papagaios. Os animais costumam ser apreendidos pela PMA, e levados ao CRAS, onde recebem tratamento adequado ao tipo de dano sofrido. Depois da recuperação, são devolvidos à natureza. 

O  Art. 3º da lei federal N° 5.197 proíbe o comércio de animais da fauna silvestre, de espécies migratórias ou nativas que tenham seu ciclo de vida dentro dos território brasileiro. Segundo Queiroz, de janeiro a outubro ocorreram 900 apreensões de canários oriundos do Peru e da Bolívia. "Em relação à nossa fauna, temos problemas com o tráfico de papagaios. Eles são retirados filhotes, que é um período que as pessoas querem a ave porque ela aprende a imitar a voz humana".

Para Simone Mamede, o tráfico tem que ser combatido com urgência. "Essa prática influencia sempre negativamente, com mortalidade da espécie ou só pelo fato de retirá-la de seu ambiente natural. É bacana vermos a espécie livre".

               Arara azul em recuperação no CRAS (Foto: Gabriel Ibrahim)
                   Arara azul em recuperação no CRAS (Foto: Gabriel Ibrahim)

Segundo Mamede, a aplicabilidade das leis deixa a desejar. "Temos uma legislação muito boa na área ambiental que deveria assegurar a conservação dessas espécies. É algo que temos que instigar e fazer valer nossa legislação ambiental, através de mobilização e eventos".

 

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