Segundo o estudo dos pesquisadores da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Lucinei Zago, Cássia Camillo, Lidiamar Albuquerque e Elaine Anjos-Aquino, "Impactos biológicos decorrentes do projeto urbanístico Reviva Lagoa Itatiaia em Campo Grande e suas conseqüências", a Lagoa Itatiaia possuía 211 espécies vegetais no seu entorno, com 65 nativas, em 2002. O vereador Eduardo Romero explica que é necessário catalogar novamente a fauna e flora para garantir a preservação da área. “Temos espécies de peixes ali que não são conhecidas ainda. Precisamos pesquisar quais são e se elas correm algum tipo de ameaça de extinção. Depois entender como podemos incentivar essa pesca, de forma que ela seja um lazer, um ponto de encontro, e não um risco ao meio ambiente”.
O programa, inicialmente, proibia a pesca em toda extensão da lagoa. A Procuradoria-Geral do Município (PGM) manisfestou-se a favor da liberação da pescaria no local. A justificativa para a autorização deve-se ao fato que a prática na área é caracterizada como recreativa, o que se apresenta sem riscos para a preservação ambiental da lagoa.
O vereador Romero afirma que a pesca praticada pela a população na Lagoa Itatiaia caracteriza-se, normalmente, mais como um hábito para socialização do que como uma fonte para subsistência. “A maioria das pessoas que pescam na lagoa até levam o peixe pra comer, porque a maioria pesca Cará, que é um peixe pequeno, com muitas escamas, pouca carne e que não mata a fome de muita gente. É muito mais uma pesca de lazer, cultural, um hábito de ir o avô com neto, o filho com o pai, do que propriamente tirar dali um peixe para comer e satisfazer a fome de uma família”.
Pesca na Lagoa
Em 2014, o prefeito Gilmar Olarte liberou a pesca para que os moradores da região pudessem alimentar-se dos peixes. O empresário e desenvolvedor de páginas na internet, Edmar de Mattos afirma que, antes disso, era proibido pescar na lagoa e a Guarda Municipal realizava o monitoramento. “Tem dias que o pessoal vem inclusive com equipamento profissional, carretilhas e varas extensivas para pescar. Antes de liberar a pescaria, existiam carpas grandes que nunca mais foram vistas”.
O fotógrafo Benito Braulino da Fonseca realiza caminhadas nos entornos da lagoa e, ocasionalmente, aproveita o tempo livre para pescar com as filhas. O morador afirma que há lixo nas proximidades, por causa dos frequentadores que descartam irregularmente embalagens após as atividades de lazer. “As pessoas levam para casa e se alimentam. Eu não faria isso, porque parece que a água não é totalmente sadia. Eu creio que tem poluição”.
O professor do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Ariel Ortiz afirma que é importante estudar a qualidade da água para o conhecimento da quantidade de espécies de fauna e flora que habitam e interagem com a lagoa. “Quanto maior o nível de diversidade biológica, quer dizer que mais saudável é o ambiente, porque você consegue ter várias espécies que compartilham o mesmo espaço. Podemos utilizar mecanismos de monitoramento de qualidade de água, tirar amostras e verificar a concentração de poluentes, oxigênio dissolvido, nitrogênio e fósforo”.
O monitoramento das atividades das residências é uma forma de conciliar a atividade humana e a biodiversidade da lagoa. De acordo com o professor Ariel Ortiz, uma solução é aderir à coleta seletiva. “O que precisa é fazer com que as pessoas não joguem lixo ali, não deixem o resíduo de qualquer jeito. Então primeiro temos que implantar um programa de coleta seletiva naquele bairro, uma coleta completa”.