O censo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de 2015, publicado este ano, revelou que Campo Grande é a oitava cidade no ranking de concentração de edificações. A pesquisa contrasta ao censo do IBGE de 2010, que indica que a capital era a mais arborizada do país com cerca de 96,4 árvores plantadas a cada 100 residências particulares. Hoje a cidade é a segunda mais arborizada do país.
A arquiteta e urbanista Carina Giovana Cipriano Carvalho explica que o desenvolvimento de urbanização em Campo Grande teve inicio com a construção da ferrovia. Segundo ela, um dos maiores problemas que a capital enfrenta são os espaços vazios que contribuem para a expansão da cidade. "O não uso desses terrenos vazios dentro da cidade expulsam ou empurram as pessoas para as periferias e bordas da cidade, aumentando mais ainda seu perímetro urbano, o que não é bom". Ela cita que com isso é preciso maior investimento na infraestrutura urbana, em serviços, como energia e água, e unidades públicas de saúde. "Sabemos que o governo não consegue acompanhar esse crescimento e consequentemente a população fica a mercê".
A melhoria na infraestrutura de Campo Grande chega aos principais bairros e isso representa urbanização. De acordo com Carina Carvalho a infraestrutura urbana faz parte do desenvolvimento e qualidade de vida. "Ainda não chegamos ao 100%, mas Campo Grande tem quase essa porcentagem". Segundo ela, para os moradores é importante a cidade estar na lista das mais urbanizadas, pois também representa qualidade de vida, assim como ser uma das mais arborizadas.
O arquiteto José William Rodrigues explica que o trabalho de arborização começou pelas ruas da região central, com mudas de árvores provenientes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. "A arborização é um componente fundamental da paisagem urbana e faz parte da nossa identidade local também".
O contraste entre áreas verdes e edificações é comum aos moradores da cidade. O estudante do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Paulo Victor Lopes frequenta a Orla Morena, localizada na Avenida Noroeste e percebeu a mudança na arborização do local. "Ultimamente é possível observar que o cenário vem mudando gradualmente. Olho como era antes e como é agora, para mim deveríamos manter a arborização ou tentar melhorar, mas arrancaram quase tudo lá".

(Foto: Talita Oliveira)
De acordo com o Relatório de Avaliação Ambiental de Campo Grande do Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), as vegetações presentes na cidade são cerrado, mata ciliar, mata de galeria nos córregos, campo sujo, campo rupestre, campo limpo, parque de cerrado, palmeiral e vereda. Segundo a engenheira ambiental Danielle Amorim Freitas de Souza, as áreas com maior número de árvores são as que tem o metro quadrado mais caro em Campo Grande.
Danielle Souza explica que existem fatores que influenciam na sobrevivência das árvores e o primeiro é o plantio. As que são plantadas em sementes não sobrevivem da mesma forma que as mudas de maior comprimento. O clima e predadores, como as formigas, também dificultam o desenvolvimento. O principal problema encontrado para o desenvolvimento das mudas, são as árvores exóticas, como a Leucena e Mamona, que estão em processo de controle. “Aqui em Campo Grande é um problema muito sério que vem sendo enfrentado, elas impedem o crescimento das árvores nativas”.