Ocorrências de incidentes causados por abelhas em Campo Grande aumentaram 88% neste ano, de acordo com informações divulgadas pelo Corpo de Bombeiros em sua página na internet. Na primeira quinzena de janeiro foram registradas 111 ocorrências em Mato Grosso do Sul e 59 durante o mesmo período no ano passado. Em 2016, a corporação atendeu 1.579 casos em todo o estado.
O Corpo de Bombeiros informou, por meio da mesma nota, que os principais motivos para o aumento do número de incidentes são as altas temperaturas, registradas nos primeiros dias deste ano, e o desmatamento na zona rural, que fazem com que os enxames de abelhas migrem para a área urbana em busca de locais para construírem suas colmeias.
O presidente da Federação de Apicultores e Meliponicultores do Mato Grosso do Sul (FEAMS), Gustavo Nadeus afirma que a situação é alarmante. "O desmatamento, as queimadas e o uso indiscriminado de agrotóxicos tem sido a causa da maior incidência de enxames dessas abelhas de gênero Apis nas cidades".
De acordo com Nadeus, a redução da oferta de alimentos às abelhas e a redução das áreas de nidificação causada pelo desmatamento e pelas queimadas são os principais motivos para a migração e mortandade destes animais. "Por causa dessa saída da natureza, elas procuram locais como proteção, como forros, paredes, canos, caixas de esgoto e de energia, já que elas não tem mais natureza e acaba se instalando ali".
Fonte: ONG Sem Abelha Sem Alimento
O meliponicultor João Marcelo Kassar afirma que é importante não classificar a abelha como a única responsável pela situação. "A abelha não ataca ela se defende, ela só vai picar se perceber uma situação ameaçadora. O barulho de um carro, de uma moto, de alguém se aproximando apresenta ameaça à abelha. É muito custoso para uma abelha ferroar, porque ela morre. Ela tá se defendendo". O meliponicultor ressalta que, além do desmatamento, a expansão das cidades também aproxima o contato com estes animais.
Kassar afirma que é necessário divulgar informações sobre as abelhas no país. "É importante destacarmos que no Brasil já conhecemos cerca de 1700 espécies de abelhas e 400 delas são sem ferrão. Algumas delas tem uma capacidade de ferir maior ainda que a da Apis. Só que muitas dessas são espécies solitárias e por isso não se vê acidentes como estes com estas. A Apis é a mais conhecida pois tem sido bastante reproduzida em função da sua alta produtividade". A abelha Apis Mellífera é uma espécie híbrida, resultado do cruzamento de abelhas trazidas da Europa e da África para o Brasil durante o século 19.
De acordo com Kassar, as abelhas são responsáveis pela polinização de até 90% da flora e, consequentemente, a manutenção e existência dos ecossistemas e da biodiversidade. A polinização é um processo que garante a diversidade de alimentos no planeta e contribui diretamente para a conservação ambiental e para a produção agrícola.

A Apis Mellífera é uma espécie resultado do cruzamento de abelhas trazidas da Europa e da África - (Foto: Michael Franco)





