Mato Grosso do Sul possui cinco dos 10 municípios brasileiros com maiores áreas de florestas plantadas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento do Instituto, as áreas de eucalipto somaram 7,4 milhões de hectares, o que representa 75,2% do total nacional, em 2017. No mesmo ano, na região do Centro-Oeste, foram registrados 1.467,3 hectares de eucalipto e 13,9 mil hectares de pínus.
Três Lagoas é a primeira cidade no ranking municipal com 245 mil hectares de florestas plantadas. O município teve 6,5% de aumento da área em relação a 2016, segundo o relatório de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura. A segunda colocada é Ribas do Rio Pardo com 215 mil hectares, equivalente a 2,2% do território nacional. Segundo a pesquisa do IBGE, em 2017, 34,6% destas florestas foram destinadas para produção de papel e celulose, o que gerou R$ 5,1 bilhões em receitas para o país.
O gerente de Operações Florestais da empresa de produção de celulose Fibria, Tomás Balistiero afirma que, além de Três Lagoas, a empresa tem outras unidades em Brasilândia, Água Clara, Selvíria, Aparecida do Taboado, Ribas do Rio Pardo e Santa Rita do Pardo. A extensão da área de cultivo florestal da Fibria é de 461 mil hectares. Segundo Balistiero, cerca de 120 mil hectares são destinados à conservação ambiental. "As florestas plantadas são planejadas para formarem corredores ecológicos para garantir conexão entre fragmentos preservados de florestas nativas".

(Foto: Dândara Sabrina Genelhú)
Lázaro aponta que a instalação de novas empresas de celulose e o aumento no número de florestas plantadas impactaram positivamente o estado com a geração de empregos e desenvolvimento para setores como o da gastronomia, hotelaria e construção civil. O engenheiro agrônomo acredita que Mato Grosso do Sul tem capacidade para receber outras empresas do setor florestal, devido às boas condições climáticas, topográficas e hidrográficas. “Hoje Mato Grosso do Sul possui grande potencial para ter outras empresas de celulose e de fibra de média densidade (MDF). Nós precisamos agregar outras cadeias dentro desse setor florestal que é o setor de produção de energia à base de floresta plantada. Então nós temos a condição de ter um crescimento, mas é preciso primeiro que investimentos aconteçam”.
De acordo com Lázaro, com o ínicio do cultivo de florestas plantadas no estado, houve uma diversificação ambiental. Para ele, o que antes era uma área degradada, após recuperação do solo tornou-se uma plantação de eucalipto produtiva. O engenheiro agrônomo afirma que as empresas preservam 70% da área plantada em mata nativa, matas ciliares e áreas permanentes. “Quando os produtores entram com a silvicultura, eles fazem todo preparo, todo o manejo do solo e toda a fertilização. A propriedade volta a ser produtiva porque ela estava degradada”.
A pesquisadora doutora em Engenharia Agrícola e Ambiental do Instituto de Biociências (InBio) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Alexandra Pinho afirma que a plantação de florestas plantadas necessita dos mesmos princípios de qualquer outra cultura agrícola, inclusive a aplicação de fertilizantes e agrotóxicos. Ela ressalta que, para comercializar os produtos no mercado internacional, é necessária a certificação emitida pelo Conselho de Manejo Floresta (FSC, Forest Stewardship Council). Segundo informações divulgadas no portal do FSC, a certificação consiste em um processo de cinco etapas, a avaliação de campo, adequação de inconformidades quando houver, certificação da operação e monitoramento anual.
Alexandra Pinho afirma que a principal vantagem destas plantações é a absorção de grandes quantidades de dióxido de carbono, que realiza a limpeza da atmosfera e produz oxigênio limpo. A especialista ressalta que também existem prejuízos ao meio ambiente como, por exemplo, a necessidade da aplicação de fertilizantes. “Por serem arbóreas, espécies muito altas, a aplicação de agrotóxicos é feita por pulverização aérea. E a pulverização aérea tem um risco muito grande, contamina áreas além das florestas, como pessoas e rios”.