ENERGIA

Produção de energia a partir de biomassa em Mato Grosso do Sul é a segunda maior do país

O estado registrou um aumento de 209,153 megawatts médios no mês de julho em relação ao mesmo período de 2017

Dândara Genelhú, Pâmela Machado e Stefanny Azevedo 7/11/2018 - 11h11
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Mato Grosso do Sul ocupa a segunda posição entre os estados com maior geração de energia a partir de biomassa no país segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). De acordo com o levantamento, São Paulo é o maior fabricante, com 1.033,9 megawatts (mw) médios, seguido por Mato Grosso do Sul que produziu 451,2 mw médios. Os números são referentes ao primeiro semestre de 2018 e foram divulgados por meio da pesquisa InfoMercado, realizada pela CCEE.

Os dados apontam um crescimento na produção com relação ao mês de julho do ano anterior. Em 2017, foi registrada a geração de 592,578 mw médios e neste ano o mesmo período alcançou 801,731 mw médios. A CCEE é responsável pelo mercado de energia no país. Segundo o portal da entidade a biomassa é o recurso renovável proveniente de matéria orgânica e que pode de ser utilizada para produção de energia. A obtenção dessa fonte é feita principalmente por combustão, além de outros métodos como a decomposição.

O engenheiro agrônomo e diretor executivo da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore), Benedito Mário Lázaro explica que a energia de biomassa pode ser feita próxima da rede consumidora, enquanto uma hidrelétrica fica a cinco mil quilômetros do local de distribuição. O engenheiro afirma que a energia a partir de florestas plantadas ainda não cobre os custos da própria plantação de eucaliptos. “Se você contar a energia produzida à gás e biodiesel, combustíveis fósseis que estão poluindo o ar, nós por meio de florestas plantadas poderíamos fazer uma energia limpa, além da geração de empregos”.

Lázaro aponta que é preciso que os técnicos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estudem a bioenergia a partir de biomassa com resíduos de florestas plantadas, e que assim seria possível incluir este tipo de energia na matriz energética brasileira. O engenheiro agrônomo comenta que o eucalipto ajuda na diversificação do solo sul-mato-grossense e que os locais que eram ocupados por pastagem, cultivo típico do estado, podem manter as duas plantações.

O engenheiro ambiental e responsável pelo setores financeiro e do meio ambiente da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), Érico Paredes afirma que as primeiras exportações da energia proveniente de biomassa no Estado aconteceram em 2008. O engenheiro ambiental ressalta que a região sul-mato-grossense possui algumas vantagens com relação a outros estados para essa produção. “Mato Grosso do Sul é um estado novo do ponto de vista industrial, e as unidades que vieram para cá já tinham um parque tecnológico mais moderno. As caldeiras mais eficientes, com plantas mais novas e que consomem menos água, utilizam o vapor de forma mais eficiente e produzem mais energia”. Segundo Paredes, essa área tem importância para o Brasil, pois o país têm se destacado com relação a outros nas áreas de energia limpa.

Fatores Ambientais e Econômicos

De acordo com o engenheiro ambiental, a produção desse tipo de energia por meio do bagaço da cana é positivo para o meio ambiente. A geração têm características renováveis, diferentes dos combustíveis fósseis, onde a queima impossibilita o reaproveitamento. “Quando você queima o bagaço de cana, têm um ciclo de crescimento novo, onde você aproveita a biomassa e ela volta a crescer. Sem contar que a energia proveniente do bagaço de cana, é uma energia complementar a parte hidrelétrica. O pico da safra de cana, coincide exatamente com a época de seca e de níveis mais baixos nos reservatórios do Brasil”.

Segundo Érico Paredes, a geração de energia possui condições econômicas mais propícias ao crescimento. “É mais barato do que você construir uma hidrelétrica ou um reservatório de grandes áreas. Você tem um custo de distribuição menor, porque você está mais próximo dos grandes centros consumidores, diminui o custo de linha de transmissão e a questão de perdas. Além de uma previsibilidade maior, porque você consegue fazer um planejamento e tudo que se consegue planejar, tem condições de preços melhores”.

O analista da unidade técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Clóvis Tolentino afirma que o principal resíduo utilizado no Estado é o bagaço da cana. Segundo o analista existem impactos econômicos para a geração desse tipo de energia. “Para as usinas de cana de açúcar, que atualmente são as principais produtoras de energia a biomassa em Mato Grosso do Sul, essa produção é consequente venda ao sistema elétrico nacional e permite uma outra fonte de receita”.

O engenheiro e pesquisador dos sistemas de produção agroenergéticos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), César José da Silva destaca os incentivos dados para o setor, como o apoio dos governos estaduais no Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso Sul, que para a instalação das indústrias são de isenção fiscal ou  cedência de terreno. “Existe um plano nacional de produção e uso de bioenergias que prevê normatização e regulação, que dá um certa segurança jurídica. E têm linhas de fomento específico com programas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS), com linhas de financiamento para produção de biomassa e também para instalação de indústrias.

O pesquisador ressalta a importância do programa RenovaBio, que segundo o portal do Ministério de Minas e Energia é uma política que tem como objetivo definir uma estratégia conjunta para reconhecer o papel estratégico de todos os tipos de biocombustíveis na matriz energética brasileira, tanto para a segurança energética quanto para mitigação de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa. “O RenovaBio dá uma estabilidade para poder ter investimentos de médio e longo prazo, para estruturar e um setor bioenergético a partir da biomassa muito superior do que nós temos hoje, uma vez que nós temos grande potencial de matéria prima e precisamos alavancar o setor industrial para termos um parque industrial para transformação dessa biomassa em energia.” 

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