Os dias de Carnaval deixaram as ruas de Campo Grande repletas de lixo. Os resíduos espalhados pela Esplanada Ferroviária, principal endereço dos blocos de rua, atraíram catadores de recicláveis. A maior parte do lixo acumulado é material reciclável que proporciona renda extra para os catadores e auxilia na limpeza da cidade. Segundo o catador de lixo, Carlos Barbosa muitos não esperam nem o dia amanhecer e começam a coleta durante a madrugada, após o fim das comemorações.
Barbosa, 54 anos, é um dos catadores que recolheu material nas ruas da Esplanada. “Essa época de Carnaval é muito boa, mesmo pra quem vai só pela manhã. Trabalho com reciclagem há dez anos e venho todos os dias dos blocos. Já criei três filhos e, agora, mais duas meninas”.
Para as empresas de reciclagem, as festas de rua também são uma oportunidade de aumentar a renda. Segundo a sócia-administrativa da Crecil Reciclagem, Regina Ferreira, as vendas geralmente aumentam durante o Carnaval, com um preço menor. “Em dezembro, os preços no mercado começam a cair, então consequentemente nós pagamos menos pelo material. Agora, por exemplo, o quilo da latinha é comprado por R$ 2,50. Os preços voltam a subir em março e, dependendo da situação, conseguimos pagar até 20% a mais”.
De acordo com a empresa responsável pela gestão da Limpeza Urbana e o Manejo de Resíduos Sólidos do Município de Campo Grande, CG Solurb o Carnaval deste ano gerou aproximadamente 4,5 toneladas de resíduos nos três dias de coleta na Praça do Papa, Esplanada Ferroviária e Orla Morena. Em 2015 foram recolhidos em torno de 5 toneladas em três dias de serviço, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, Esplanada Ferroviária e Praça dos Imigrantes.
Julianderson Castro, 31 anos, é catador há 17 anos e trabalha no lixão de Campo Grande. Sua renda semanal com a coleta de recicláveis é de cerca de R$ 600. Castro explica que virou catador pela necessidade de um dinheiro extra para complementar sua renda. "Na época em que comecei a coletar lixo reciclável foi difícil, pois não sabia para quem vender e não sabia por quanto vender. Hoje já tenho experiência e sei quando a proposta de venda é boa ou não".
Em datas festivas, como Ano Novo, aniversário da cidade e desfiles em datas cívicas, o fluxo de pessoas nas ruas aumenta e, com isso, o lixo também. Castro afirma que, enquanto as pessoas festejam, ele trabalha. "Vejo pessoas se divertindo e eu lucro em cima da diversão delas, uma renda extra que além de me ajudar nas despesas de casa, eu também ajudo a manter a cidade limpa".
Regina Ferreira, da Crecil Reciclagem, ressalta a importância do trabalho desses catadores que colaboram com a coleta de lixo na cidade. “É uma boa renda para eles e, além disso, é uma questão de sustentabilidade. A reciclagem deve se tornar um hábito da população”.
Coleta seletiva em Campo Grande
A coleta seletiva, na capital, começou em julho de 2011, quando a Prefeitura implantou o projeto. O material recolhido é entregue aos catadores das cooperativas, que fazem a seleção do material reciclável na Usina de Triagem Resíduos (UTR). No total, a coleta seletiva contempla cerca de 20% dos moradores da cidade. A previsão é de que o trabalho seja realizado em todos os bairros de Campo Grande até o fim do primeiro semestre de 2017.
Confira o mapa dos bairros onde é realizada a coleta seletiva organizada pela CG Solurb: