AGROECOLOGIA

Horta modelo cultiva produtos sem agrotóxicos

Juliana Peruchi e Maitê Campos20/05/2014 - 16h49
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O agricultor Raimundo Gomes da Silva, 54 anos, produz hortaliças como alface, couve, coentro e tomate cereja, a partir da agricultura familiar. Sua produção não utiliza agrotóxicos ou adubos químicos e está localizada no Jardim Parati, em Campo Grande em uma área de cinco hectares. 

O local da produção é também onde ele mora e vende seus produtos há 21 anos.“A minha produção sai direto da horta para a área de venda. O orgulho que tenho é o de plantar, colher e vender aqui”.

“Seu” Raimundo, como é chamado por seus familiares e consumidores, pratica a produção agroecológica, diferente da orgânica, como ele explica. “Produção orgânica hoje, dentro da nossa cidade não funciona, porque nós temos todo tipo de contaminação no ar, de escape de carro, gasolina, óleo diesel, poeira. Nós temos de tudo. A produção orgânica tem que ser em um setor bem longe da cidade. Agora, o agroecológico  dá, porque utiliza grama, folha, o resto da cultura, no meio da cidade. Sua horta tem que estar no meio de uma de área protegida de árvore, para poder tirar o vento e contaminação”.

O produtor tem parceria com a Empresa Energética de Mato Grosso do Sul (Enersul), Prefeitura de Campo Grande e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) para receber as podas de árvores da cidade, que utiliza para fazer adubo. Essa cooperação entre instituições e o agricultor é importante, como ele explica, “esse é o apoio que eu tenho, de receber essas matérias. Eu não preciso ir comprar adubo, nem calcário. Cada folha tem um nutriente, então eu misturo, faço a compostagem e planto, não preciso usar nada de adubo químico, nem agrotóxico“. 

O agricultor ainda produz suas próprias sementes e mudas. A fabricação de mudas é feita também para complementar sua produção, pois sua demanda é maior do que é produzido em sua propriedade  “Como a minha área é pequena, eu não consigo produzir tudo o que eu vendo, eu produzo as mudas e mando para um produtor ligado a mim para plantar. Ai eu vou lá e compro dele o alimento e revende”.

O custo da produção sem aditivos químicos em relação ao convencional é maior por causa da fabricação e da demanda serem menores e a utilização de mão de obra para combater pragas, ser maior. Na horta do agricultor Raimundo o preço é mais baixo que o mercado convencional, pois sua produção é diferenciada, como ele explica, "o retorno financeiro é rentável, porque eu não tenho gastos lá fora. A gente produz uma cultura utilizando tudo que a terra tem. Se eu for comprar um saco de adubo vou pagar e isso já sai fora do nosso orçamento. Por isso temos um preço diferenciado. O produto vendido aqui é mais barato que o mercado e tem quantidade, porque eu não tenho custo para produzir”.

Mercados, restaurantes, a Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul (CEASA) e consumidores avulsos adquirem seus produtos, como argumenta o agricultor, “as pessoas que fazem caminhada pela manhã, na volta passam aqui e compram para o almoço. A tarde ela faz a caminhada e compra para janta. Ela nunca chega e faz uma compra grande, compra de pouco em pouco, todo dia”.

Alexandre Fernandes, 60 anos, explica a escolha pela horta agroecológica. “Eu prefiro comprar aqui porque as verduras são bem frescas, e tem a vantagem de não ter produtos químicos”. Outro cliente, Cícero Raimundo, 51 anos, também destaca o aspecto saudável do alimento. “Eu consumo porque é melhor para a saúde, melhor do que produtos com agrotóxicos e aqui  tem a facilidade de ser perto de casa”.

O Engenheiro Agrônomo Tadeu Paulon, alerta para as consequências do abuso de agrotóxicos, “o uso de forma indiscriminada de produtos químicos pode danificar a parte biológica do solo e pode inviabilizar a área de plantio por muitos anos, provocando uma intoxicação da área. A não obediência às normas de aplicação desses produtos, como a não recomendação para a cultura, o não respeito ao período de carência, podem causar contaminação nos alimentos, principalmente as hortaliças e frutas que têm um ciclo curto, devendo ser bem lavados antes de consumidos”.

*Fotos: Maitê Campos

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