MEIO AMBIENTE

Desassoreamento é insuficiente para salvar lago do Parque das Nações Indígenas

Segunda etapa do projeto demanda intervenções nos córregos da cabeceira para que obra seja efetiva

Camila Andrade, Raquel Eschiletti e Rúbia Pedra18/08/2019 - 12h23
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O projeto de revitalização do lago do Parque das Nações Indígenas, da Prefeitura de Campo Grande em parceria com o Governo do Estado, busca resolver o problema de assoreamento no local. De acordo com a engenheira Ambiental, Maria Eduarda Ferreira o processo de desassoreamento é insuficiente e as obras nas nascentes são importantes para evitar que o lago volte a apresentar níveis de risco de seca. Destacou que o lago do Parque, assim como outros existentes na cidade, são artificiais e o assoreamento afeta a microfauna e animais como capivaras, quatis e peixes.

A parceria entre o município e o Governo do Estado tem como objetivo retirar os sedimentos acumulados e iniciou com a remoção dos animais, seguida da retirada da água. Os resíduos retirados foram transportados para o Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante e População de Rua (Cetremi), na saída da cidade. Para a engenheira Ambiental Maria Eduarda Ferreira há uma preocupação em relação a condição do sedimento. “Você não sabe de onde veio, pode ser que ele contenha algum metal tóxico, por isso o ideal é fazer um estudo”. A engenheira questiona a eficácia do transporte da areia. “Esse processo é tirar uma areia daqui e colocar em outro lugar, e pode até ser uma solução temporária, mas se você não se atentar aos problemas na bacia, vai vir toda a areia de novo”.

De acordo com o superintendente de Serviços da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) e responsável pela obra de desassoreamento, Mehdi Talayeh a causa da aceleração no processo de assoreamento no lago do Parque das Nações Indígenas foi a pavimentação, que afeta a permeabilidade do solo e reforça a ação da água da chuva em carregar os sedimentos. Talayeh comenta que a intervenção é importante para a eficácia desse processo nas bacias do córrego Joaquim Português e do córrego Reveillon, onde existem caixas de contenção para evitar o depósito de sedimentos no lago principal. 

A primeira fase foi concluída dia 15 de agosto, dois meses antes do previsto pela Prefeitura da capital. Maria Eduarda Ferreira enfatiza a relevância do procedimento nas cabeceiras dos córregos. “Visualmente podemos tirar a terra e o lago volta a parecer normal, mas a bacia hidrográfica precisa de atenção, primeiro vamos resolver o problema da bacia, e depois realizar um controle”.

O processo de assoreamento é uma condição natural, intensificada pela ação humana, em que sedimentos de areia e terra são depositados nos fundos dos lagos, ou locais mais baixos, após o processo de erosão causado pelas chuvas. O acúmulo de sedimentação inviabiliza o potencial hídrico total do corpo d’água

Durante a realização da etapa de desassoreamento, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semagro) constatou que as redes de contenção das margens, chamadas de gabiões, estão danificadas. Isso ocorre devido a um processo natural de oxidação, resultante do contato direto com a água no decorrer dos anos. Talayeh explica que uma ação com o objetivo de reparar os danos nas telas e trocá-las por novas versões inoxidáveis será realizada no local. “Tem uma boa parte dessa tela que está rompida e as pedras que ficavam confinadas dentro começam a soltar e desestabilizar o talude”. O conserto é de competência do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e do Governo do Estado. O superintendente de Serviços afirma que sugeriu ao Imasul realizar um jateamento de concreto, durante a obra, para reforço na estrutura. 

O registro será aberto após o termino da operação nas telas para retomar o nível da água e em seguida realocar os peixes.  Talayeh afirma que o processo de desassoreamento foi realizado no lago principal em 2006. Ressalvou que os governos municipal e estadual tiveram que se mobilizar novamente para efetuar o desassoreamento, devido a falta de intervenções nas nascentes. Para evitar o erro, enfatizou, existem projetos que atendem às reformas necessárias.

De acordo com o secretário Adjunto da Sisep, Ariel Serra a resolução dos problemas no córrego Reveillon é de responsabilidade da Prefeitura. Serra afirma que a licitação para decidir quais empresas realizarão as modificações tem previsão de lançamento até o fim do ano e que o governo do Estado está com o projeto do córrego Joaquim Português em andamento. 

O orçamento da obra completa está previsto para R$ 8 milhões. Na fase inicial aproximadamente R$ 3 milhões foram gastos, dos quais R$ 1,5 milhões foram custeados pelo governo do Estado de Mato Grosso do Sul e o restante pela prefeitura de Campo Grande. Os valores foram usados para pagar os operários, administradores da obra e os maquinários de escavação. 

Foto drone: Mehdi Talayeh

Processo de assoreamento do lago antes da intervenção do Governo. (Por: Raquel Eschiletti)
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