MEIO AMBIENTE

Período de reprodução das araras é monitorado em Campo Grande

A procriação da espécie Canindé será acompanhada até janeiro de 2018 pelos pesquisadores do Instituto Arara Azul em todos os ninhos cadastrados na área urbana

Fernanda Sandoval, Lorrayna Farias e Talita Oliveira26/10/2017 - 00h38
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O Instituto Arara Azul vai acompanhar o período de reprodução das araras que acontece de agosto a janeiro em Campo Grande. O Instituto monitora o desenvolvimento das araras em Mato Grosso do Sul desde 1999 e tem cadastrado, até outubro deste ano, 148 ninhos. Em 2017 foram 20 novos ninhos, 15,6% a mais que no ano passado. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos recursos naturais renováveis (IBAMA) fiscaliza e o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) trata os animais feridos.

O Instituto de pesquisa analisa os hábitos reprodutivos das araras em Campo Grande e no estado de Mato Grosso do Sul. A prioridade é para a Arara-canindé (Ara ararauna), a espécie em maior número na cidade. A Arara-vermelha (Ara chloropterus) é encontrada no município, em menor número. O ecologista e professor do curso de Ciências Biológicas da UFMS, Rudi Ricardo Laps explica que as duas espécies habitam a área urbana e a Arara-vermelha não se reproduz aqui.

Segundo Laps, há alguns motivos para a reprodução das araras na área urbana. “Aqui em Campo Grande a gente tem uma situação especial, a gente tem araras, principalmente a Arara-canindé, e isso é uma característica muito interessante da cidade. Essas araras se reproduzem muito bem aqui e tem bastante locais para fazer ninhos".

A bióloga do Instituto Arara Azul, Larissa Tinoco Barbosa destaca que o Instituto não retira os filhotes dos ninhos durante o monitoramento. Segundo ela, eles acompanham a alimentação e adaptação das aves na cidade. A lei 5.561 de 2015 decretou a Arara-canindé como ave-símbolo de Campo Grande.

Os estudos de reprodução registram aspectos como a quantidade de filhotes, peso, tamanho e desenvolvimento. O Instituto Arara Azul monitora os ninhos existentes no estado e as equipes acompanham os filhotes semanalmente por meio de registro fotográfico, desde o nascimento até o momento do vôo. Eles monitoram as araras em Campo Grande desde 1999, ano em que aconteceram desmatamentos e queimadas nas zonas rurais, ações que geraram escassez de alimentos e fizeram com que as aves migrassem para a cidade.

Dados do Instituto Arara Azul (Infográfico: Fernanda Sandoval)

A bióloga do Instituto Arara Azul, Cynthia Mazzi explica que, durante o período de reprodução, as araras começam a fazer novos ninhos e a população avisa o Instituto para o cadastramento e acompanhamento dos animais.

   Ninho feito na palmeira de Tatiana Fernandes
   (Foto: Tatiana Fernandes)

Rudi Laps reforça que os moradores colaboram com o processo. "O que é interessante dessa utilização da área urbana é que a população tem uma empatia pelas araras e facilitam". Segundo ele, as condições ambientais que as aves enfrentam na área urbana são semelhantes às encontradas em seu hábitat natural. "São os mesmos processos que acontecem na natureza, não tem uma grande diferenciação na cidade". Uma diferença são os predadores encontrados nos dois ambientes e para Laps "mesmo considerando que tem gato, cachorro e pessoas que coletam os ovos e filhotes para tráfico, elas estão relativamente seguras".

A empresária Tatiana Galeano Fernandes tem uma palmeira no quintal de sua casa. Ela e o marido cortaram a árvore com a intenção de servir de ninho para as aves. Um mês após o corte, as araras começaram a construir o ninho. Segundo ela, os animais possuem uma tornozeleira, mas o ninho ainda não foi cadastrado para monitoramento.

Tatiana Fernandes afirma que tentou o cadastro e não obteve a informação de como realizar o processo. "Eu já liguei no Ibama, já liguei no Cras, mas ninguém sabe me informar". Para ela, "a experiência de ter um ninho em casa é muito gratificante" e afirma que falta mais divulgação de projetos de monitoramento.

Serviço

Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS)
Parque Estadual do Prosa, avenida Lima Felix, 154, bairro Chácara Cachoeira. Telefone (67) 3326-1370.

IBAMA
Rua Euclides da Cunha, 975, centro. Telefone (67) 3317-2966.

Instituto Arara Azul
Rua Klaus Stuhrk, 106, Jardim Mansur. Telefone (67) 3222-1205.

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