O projeto “Mudanças climáticas e no uso do solo: em direção ao entendimento dos efeitos antrópicos e do aumento de temperatura na biodiversidade do Pantanal”, coordenado pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação (PPGEC) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), foi criado com o objetivo de investigar os impactos das mudanças climáticas e as modificações do uso do solo sobre a biodiversidade. De acordo com o levantamento da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, na sigla em inglês BPBES (Brazilian Platform on Biodiversity and Ecosystem Services), no Brasil 50% da área original do Cerrado e do Pampa foi transformada em monoculturas agrícolas ou em plantios florestais com espécies exóticas, o que segundo o coordenador do projeto e professor do Instituto de Biociências da UFMS, Luis Gustavo Santos representa 20% da vegetação nativa de Mato Grosso do Sul. Além disso, segundo o monitoramento da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre 2017 e 2018, o Estado perdeu 140 hectares de áreas de Mata Atlântica, o que representa 21% de avanço no desmatamento do bioma, em comparação à 2016 e 2017 em que 116 hectares foram eliminados.
Segundo o estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, desenvolvido em 2016, Mato Grosso do Sul apresentará um aumento de até 5,8°C graus na temperatura e uma redução de até 19% no volume de chuvas nos próximos 25 anos, na região norte do Estado. O banco de dados do Centro de Monitoramento do Tempo e Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec/MS) mostra que em janeiro de 2018 a máxima registrada em Campo Grande foi de 34,50 °C graus e em 2019, no mesmo mês a máxima foi 37,90°C graus, o que representa o aumento de 5,4°C graus.
De acordo com o professor do Instituto de Biociências e Laboratório de Ecologia, Rudi Ricardo Laps as alterações climáticas ocorrem durante o ano todo e com a análise da temperatura do planeta, percebe-se que os últimos dez anos são mais quentes. "Essa alteração é bastante complexa, várias ações nossas acentuam isso. Então temos várias indicações de emissões, que são gases produzidos pelo homem, ou seja, pela queima de fósseis, de combustível fóssil, essa é uma das principais funções, queima de florestas e também algumas alterações em áreas onde há muito metano". Para Rudi Ricardo Laps, a agricultura familiar é uma alternativa porque favorece a conservação da natureza ao utilizar pouco agrotóxico, por exemplo, agride menos o solo. Segundo ele, existe também o componente social, porque as pessoas ficam no campo e fazem da atividade a forma de subsistência delas.