Acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul desenvolvem projeto de inclusão de pessoas com deficiência em esportes de aventuras. O objetivo do estudo é promover o atendimento às especificidades e adaptações necessárias para este grupo. O idealizador do projeto e educador físico, Claudio Benites da Silva aproveitou a proposta do trabalho de conclusão de curso em 2015 e estendeu o projeto a partir de parcerias com empresas de ecoturismo e esportes.
Claudio Benites trabalha com grupos de esportes de aventura como o Pantanal Radical e Trilha Extrema. Ele explica que sua intenção é que as empresas de turismo de aventura conheçam as possibilidades de adaptar e capacitar seus funcionários para um atendimento qualificado e humanizado. Benites aponta que a maior dificuldade do projeto é a receptividade das empresas de esportes, pois o tempo de organização e preparo dos equipamentos utilizados por pessoas com deficiência são duas ou três vezes maior.
De acordo com a legislação, o Estado deve promover o acesso a esportes de aventura às pessoas com deficiência. Segundo o artigo 42 da Lei Brasileira de Inclusão a pessoa com deficiência tem direito à cultura, esporte, turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
A funcionária pública e paraplégica por sequela de Poliomielite (Paralisia Infantil), Lanier Debora de Almeida afirma que sua deficência não a atrapalha, "minha cadeira é minha cúmplice". Desde 2013, ela participa de esportes de aventura, como trilha e rapel urbano, comenta que em todas as atividades a equipe responsável teve atenção com a segurança dos aventureiros, fator que torna a experiência mais inclusiva. Recentemente, ela participou da descida de Rapel na Cachoeira do Inferninho, organizada pelo projeto Trilha Extrema.
A praticante de esportes de aventura, Jaqueline Tsalikis realizou o salto de rapel duas vezes e subiu o Morro do Ernesto três vezes, uma de muleta e duas de carro. Também, desceu mais de 885 degraus para fazer a trilha na Cachoeira Boca da Onça. Jaqueline Tsalikis afirma que todas as experiências foram boas. "Subi o morro do Ernesto de muletas, não sabia se ia conseguir, mas a vontade de chegar até o topo pra ver o por do sol novamente, era maior e mais uma fez superei [...] Na Boca da onça também não sabia se ia conseguir, foi tenso o caminho, sem palavras pra descrever".
A professora aposentada Mirella Ballatore possui Osteogenese Imperfeita, ossos de cristais, e utiliza cadeira de rodas. Ela e seu marido, também cadeirante, Nelson Tosta participaram da subida ao Morro do Ernesto. Assim como Lanier Debora de Almeira, Mirella Ballatore diz que sem as adaptações, seria impossível realizar a subida, "me senti incluída e inserida no meio do pessoal, foi uma experiência inesquecível".
Os esportes adaptados para pessoas com deficiência são um meio de inclusão social. As atividades são capazes de garantir vantagens, físicas e mentais, que possibilita melhor qualidade de vida, além de destacar as potencialidades desses grupos.