Os alunos de universidades federais de todo o Brasil que estão em cidades dos Estados Unidos pelo programa Ciências sem Fronteiras passam por dificuldades financeiras durante as férias de verão, que começam em maio e vão até o final de julho. O valor que seria entregue para os estudantes deveria pagar as despesas que eles terão, pois os alojamentos das universidades norte-americanas fecham.
O estudante de Engenharia de Produção, Marcos Aroca, 21 anos, é de Campo Grande e está em Detroit desde agosto do ano passado. Ele explica que o dinheiro que deveria ser entregue pelo Instituto de Educação Internacional (Institute of International Education, IIE), custearia a viagem que ele deve fazer para o estágio, que é obrigatório, e o alojamento. “A gente tem que fazer esse estágio durante as férias, e a verba tem que pagar”. Ressalva ainda que “tem gente aqui que já foi por conta”.
Com este atraso o dinheiro, que pode chegar até a U$ 2,1 mil, o equivalente a mais de R$ 6,3 mil, pode não ser entregue no prazo e os alunos terão que arcar com os custos da viagem.
O Instituto enviou uma correspondência para os alunos na quinta-feira (07) orientava que os estudantes usassem o “método criativo de improvisar comum do brasileiro”. A mensagem informava que eles cortassem os gastos e se planejassem para usar o valor da bolsa, de U$ 300, para pagar a viagem e as despesas que possam ter durante o estágio.
A estudante de Biologia, Raquel Carvalho, 20 anos, que está em Springfield há dez meses, foi uma das estudantes que receberam resposta do IIE. Ela diz não se sentiu muito satisfeita com a justificativa do instituto. “Eles dizem que a demanda está alta. Mas não tem motivo para demorar tanto”. A acadêmica começa o estágio dia 18 e a ainda não foi autorizada pela instituição a fazer a confirmação na empresa para onde vai. “Para se inscrever num estágio, mandamos um formulário. E isso é assinado por mim, meu conselheiro aqui e a pessoa responsável por mim no estágio”.
Estudante Ludmila DarziA estudante de Engenharia Ambiental, Ludmila Darzi, 21 anos, afirma que teve "sorte" em todo o processo de autorização do estágio. A acadêmica está no Alabama pelo Ciências sem Fronteiras e diz que a aprovação das atividades veio antes da dos colegas, o dinheiro para viagem e moradia não foi liberado, e a bolsa mensal é pouco para as necessidades dela.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) fornece uma bolsa de 900 dólares que deveria durar três meses. A estudante precisou procurar alternativas já que o IIE não enviou o dinheiro para ela e a acomodação depende da universidade em que ela foi aprovada. "Usei parte do dinheiro da CAPES para comprar a passagem de volta para o Brasil, que em uma promoção estava por 500 dólares. Além disso, comprei algumas coisas essenciais de higiene e agora estou 'apertando' na comida". Para arranjar alojamento, a estudante precisou da ajuda de amigos. "Estou morando no quarto de amigos que têm espaço para dividir. Comida está sendo miojo, mesmo".

Alunos usam o "jeitinho brasileiro" para lidar com dificuldades durante férias - (Foto: Divulgação/Facebook)




