A “Marcha Movimento Estudantil e Resistência” aconteceu na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e foi organizada pelo centros acadêmicos (CAs) dos cursos de História e de Economia. O evento teve como objetivo propor soluções para a diminuição de casos de ameaças que acadêmicos da UFMS relataram após o período das eleições. Cerca de 40 acadêmicos participaram da marcha e 60 se reuniram no final, na concha acústica da Universidade no dia 31 de outubro, para discutir os casos de ameaça e assédio.

(Foto: Dândara Sabrina Genelhú)
Os acadêmicos realizaram uma caminhada de protesto pelo câmpus da Universidade e uma competição de poesias recitadas, denominada Slam, no final da passeata. Foram discutidas soluções para minimizar os casos de assédio e ameaças. Também foi debatida a importância da participação em reuniões de conselho estudantil e da votação para representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
O estudante e presidente do Centro Acadêmico de História da UFMS, Everton Ferreira afirma que a proposta da manifestação estudantil surgiu em uma apresentação de Slam, campeonato de poesias faladas, para levar essa intervenção artística à universidade e fortalecer os movimentos estudantis. “Havia uma necessidade de organizar o movimento estudantil, nós falamos com os CAs de Economia e de Artes. Também surgiu como quebra dos muros da universidade ao tentar trazer a galera da periferia aqui para dentro”.
Ferreira ressalta que com a união dos universitários é possível ter diversas formas de atuação sobre os problemas da comunidade, elaborar estratégias para melhorar a sociedade. O estudante afirma que os movimentos estudantis nas universidades e nas escolas são essenciais, pois a mudança começa nesses grupos. “É por isso que nós apostamos na reconstrução e reorganização do movimento aqui na UFMS, e na fortificação dele com esses eventos”.

(Foto: Dândara Sabrina Genelhú)
A estudante do curso de Psicologia da UFMS, Camille Campuzano participou da manifestação e afirma que a união dos estudantes para lutar contra a violência na universidade é importante. “Estamos sendo atacados, tem tanto esse aspecto da censura, quanto da violência propriamente dita. A gente discutiu hoje, a questão dos assédios que são numerosos e não se tem visibilidade, nós estamos assustados”.
Segundo Camille Campuzano, a opinião de universitários e professores sobre a situação política do país foi banalizada pela população durante o período eleitoral. “Uma eleição tomada pelo senso comum, as pessoas não tem discernimento de ir atrás de uma informação, de verificar se é verdade. E eles tem essa impressão da universidade ser um ambiente de comunista, de dizer que estamos sendo influenciados pelos professores. As pessoas não estão levando universidade a sério, como se fosse puramente doutrinação”.

(Foto: Dândara Sabrina Genelhú)
Durante a caminhada os estudantes gritavam versos combinados e em um deles o nome do presidente eleito, Jair Bolsonaro foi citado. O nome utilizado desencadeou a manifestação de acadêmicos que apoiam o presidente e houve debate entre os participantes da marcha estudantil.
No fim do encontro, na Concha Acústica da Universidade, o estudante do curso de Engenharia Civil da UFMS, Sérgio Murilo Prestes se posicionou contra o movimento. Ele acredita que a universidade será atingida de forma diferente da apresentada pelo movimento. “Imagina as pessoas que pagam dois, três mil em um cursinho, você acha que elas não teriam condições de arcar e contribuir para o desenvolvimento da sua instituição? E aquelas pessoas que não têm condições, vão continuar estudando sem pagar. Da mesma forma que ele vai isentar o imposto de renda para pessoas de até cinco salários mínimos, você acha que ele vai cobrar de pessoas que não têm condição?”.
Sérgio Prestes afirma que cobrará mudanças do novo governo caso grupos sociais, como estudantes, sejam afetados. “O presidente até então eleito, em nenhum momento financiou todas essas coisas que têm acontecido. Mas é isso, é esperar o novo ano entrar também e ver os posicionamentos dele. E qualquer coisa de errado que ele faça também, pode ter certeza que eu vou reprimir”. O estudante afirma compreender a gravidade dos casos de assédios na universidade e ressalta ser contrário a qualquer tipo de ação que incite a violência.
No fim do evento foram criadas comissões, para atender as questões apresentadas na reunião. Uma delas é a que promove a auto-defesa corporal e moral dos estudantes. Outra solução apontada pelos estudantes na reunião, foi a criação e participação em eventos para o fortalecimento do movimento estudantil, como o Congresso Universitário (Couni). O evento terá como tema “Movimento Estudantil que se movimenta” e debaterá assuntos como gênero, sexualidade e raça, nos dias 16, 17 e 18 de novembro.