ADOÇÃO

Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul autoriza uso de aplicativo para incentivar a adoção

Campo Grande possui atualmente 25 crianças consideradas inadotáveis devido à idade, deficiência ou por possuir irmãos

Julisandy Ferreira, Thalia Zortéa e Thalya Godoy10/09/2018 - 09h53
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O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) aderiu, em agosto deste ano, ao aplicativo A.DOT, plataforma que disponibiliza fotos e vídeos com informações e apresentação feita por crianças e adolescentes disponíveis para adoção. A iniciativa do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) permite que menores de idade, em condições para serem adotados, possam ser conhecidos por pretendentes habilitados para adoção. A ferramenta objetiva encontrar famílias para acolhidos com mais de sete anos, grupo de irmãos e pessoas com deficiência ou algum tipo de doença que estão sob jurisdição do Estado.

Segundo a juíza da Vara da Infância, Adolescência e do Idoso de Campo Grande e coordenadora da Infância e Juventude do TJMS, Katy Braun do Prado Campo Grande possui 25 crianças consideradas inadotáveis devido à idade, deficiência ou por possuir irmãos. De acordo com dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), Mato Grosso do Sul possui mais pretendentes para adotar do que crianças em condições jurídicas para adoção. O estado tem 393 pessoas na fila de espera e 317 menores de idade para serem acolhidos por uma família. 


Elaborado por Thalia Zortéa.

A juíza Katy Prado afirma que o aplicativo é uma oportunidade para as crianças consideradas inadotáveis tenham chances de adoção. “Por meio desse aplicativo, nós vamos dar a todos os pretendentes a oportunidade de conhecerem as crianças que estão fora do perfil deles. Ao ter interesse em alguma criança, poderão pedir para o juiz a modificação do perfil para que assim eles possam se aproximar dessa criança que não era a idealizada, mas é a criança real que aguarda por uma família”. 

O recurso será gerenciado com o material enviado pelos magistrados da infância e juventude do país e somente os pretendentes habilitados terão acesso ao conteúdo. No caso de interesse em adotar uma criança, a pessoa poderá pedir aproximação, o que possibilita que o adotante tenha acesso ao histórico de vida dela e a conheça.

A coordenadora da Infância e Juventude do TJMS afirma que o motivo para existir mais pretendentes do que crianças em condições jurídicas para adoção deve-se ao perfil desejado pelos candidatos. “Normalmente, as pessoas que querem ter filho por adoção ainda não tiveram filhos e têm aquele desejo de passar com uma criança as primeiras fases do desenvolvimento. Então eles querem vê-la dizer a primeira palavra, dar os primeiros passos e isso só é possível com um bebê. Infelizmente as crianças que nós temos chegam para o sistema de justiça com sete anos, com 12 anos”.

De acordo com Katy Prado, os dois motivos mais comuns em Mato Grosso do Sul para a desistência de adoção é o descontentamento de um dos cônjuges em adotar e a impaciência com limitações que muitas crianças apresentam, como a dificuldade de aprendizagem. A guarda municipal Eliete Gonçalves desistiu de adotar o sobrinho de sete anos durante o processo de adaptação domiciliar. “Com os problemas que ele tinha, eu teria que acompanhar 24 horas. A família não conseguiu se adaptar ao problema psicológico que ele tinha. Ele não era violento, não com a gente, mas batia porta e aquelas coisas”.

A professora e voluntária do Grupo de Apoio à Adoção Vida (Geaav), Renata Ferreira é mãe de três filhos e dois deles foram adotados. Ela explica que o maior número de devoluções é de casais que têm filhos biológicos e que tiveram dificuldades para lidar com os conflitos quando a nova criança é acolhida pela família. “Nós tivemos que lidar também com a adaptação do mais velho com o menor e como ele estava conosco desde o nascimento foi mais fácil ensiná-lo a respeitar o mais novo”. 

Renata Ferreira afirma que seu primeiro processo de adoção demorou, em média, um ano e três meses, entre o prazo para ser inserida no CNA até conseguir a guarda provisória. “Em relação a segunda criança,  nós pedimos a permanência na fila, passamos pelas entrevistas no fórum de novo e só esse processo durou oito meses. Quando fomos reinseridos no cadastro, nossa filha chegou. Nós a recebemos em julho de 2017 e o processo dela ainda não foi finalizado. Temos a guarda para fins de adoção, mas o juiz ainda está no processo de destituição familiar”.

Serviço

Coordenadoria da Infância e Juventude do TJMS - Telefones: (67) 3317-8680 / (67) 3317-8685.

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