SAÚDE E ESPORTE

Ciclistas urbanos de Campo Grande se unem em ato público

Objetivo do encontro é reunir ciclistas para a inclusão da bicicleta nas políticas públicas e no planejamento urbano da capital para melhorar a qualidade e quantidade de ciclovias

Heloísa Carvalho, Maria Paula Garcia e Paula Navarro12/06/2018 - 16h00
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Ciclistas urbanos de Campo Grande se unem em ato público para reivindicar melhoria das ciclovias e respeito no trânsito. O objetivo do movimento é dar visibilidade à bicicleta como meio de transporte mais ecológico e sustentável, e criar um espaço de debate sobre os direitos dos ciclistas. A pedalada pelas ruas da capital acontece sem liderança e percursos definidos. O evento segue a programação mundial do Critical Mass e ocorre toda última sexta-feira do mês, com saída da Praça do Rádio Clube.

A “bicicletada” chegou a Campo Grande há dois anos, por iniciativa dos ciclistas Pedro Garcia, do Rio de Janeiro, e do colombiano José Sepulveda, que utilizam a bicicleta como meio de transporte e buscam melhores condições de locomoção. Pedro Garcia explica que a Bicicletada Campo Grande é um “movimento independente em que ciclistas se reúnem para reivindicar o espaço da bicicleta na rua”. José Sepulveda ressalta que o coletivo é “um combinado que existe no mundo, onde ciclistas combinam um lugar e um horário em que se reúnem para pedalar juntos e celebrar a bicicleta. É para mostrar que a bicicleta pode ser utilizada no lugar de outros transportes motorizados”.

Cerca de vinte a trinta pessoas participam dos encontros e adotam a bicicleta como estilo de vida saudável. Raquel Fernanda participa do movimento desde novembro de 2017. Ela diz que ficou mais consciente e mudou sua concepção após a primeira pedalada em grupo. “Hoje eu me vejo no lugar dos ciclistas. Eu sou uma ciclista e minha filha também. Então, hoje respeito muito mais”. A ciclista critica a atitude da maior parte dos motoristas e afirma que essa é uma das maiores dificuldades enfrentadas no trânsito campo-grandense.

O arquiteto urbanista Elias Andrade explica que deve existir harmonia entre motoristas e as pessoas que usam bicicleta. “A conciliação entre ciclista e motorista não é fácil e deve começar lá na educação infantil e se estender até a formação de condutores e envolver toda a população para uma convivência harmônica por de uma infraestrutura adequada, sinalização, fiscalização e, principalmente, incentivo do governo”.

Fernando Ferreira é ciclista há um ano. Ele afirma que é difícil andar de bicicleta em Campo Grande. “A ciclovia é estreita, não tem como duas pessoas passarem uma ao lado da outra. Tem que estar atento, principalmente com os motoristas que não respeitam e param em cima das ciclofaixas”. Silvia Regina de Almeida pedala há dez anos e analisa que ainda falta respeito pela prática do ciclismo na capital.

Andrade esclarece que o planejamento e implementação de ciclovias na cidade são feitos pela Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb). “Diversos fatores e estudos são levados em consideração.  Existe também um Comitê de Acessibilidade e Mobilidade Urbana para tratar melhor o assunto. A arquitetura e o urbanismo são essenciais na construção de mobilidades alternativas para a cidade”. O arquiteto enfatiza que “atualmente, a cidade possui muitos vazios urbanos e vias precárias. A capital cresceu de forma desordenada, com um perímetro urbano grande, e isso reflete na mobilidade da cidade”.

Conforme o Perfil Socioeconômico de Campo Grande de 2017, elaborado pela Planurb, Campo Grande apresenta 80km de extensão de ciclofaixas e ciclovias, e quase 2km de calçada compartilhada.  Para José Sepulveda, essa quantidade é insuficiente. “A distribuição de malhas cicloviárias em algumas regiões da cidade é mínima e muitas estão isoladas ou desconexas. Algumas são cortadas por BR e os bairros ficam ilhados, sem sequer uma ciclovia por perto”.

A inclusão do ciclismo nas políticas públicas do Planejamento Urbano e Meio de Transporte de Campo Grande possibilitará que os ciclistas urbanos e aqueles que competem profissionalmente tenham melhores condições para circular nas ciclovias. Os ciclistas Pedro Garcia e José Sepulveda fazem parte da articulação local da campanha nacional Bicicleta nos Planos. Eles afirmam que algumas das solicitações feitas à Planurb foram aceitas e inseridas no Plano Diretor Municipal.

Sepulveda comenta que está em articulação com políticos e instituições públicas para parcerias participativas que nortearão o desenvolvimento da cidade nos próximos anos. “Já conseguimos a redução do prazo para interligar todas as ciclovias da cidade. Faltam apenas 8km para que todas sejam ligadas efetivamente. Isso estava previsto para acontecer somente em 2048, e agora isso vai acontecer até 2028”. Outra conquista do grupo é a instalação de um bicicletário na Feira Central de Campo Grande. 

Bike Anjo

A rede local do Bike Anjo em Campo Grande teve início em outubro de 2014. O grupo de voluntários foi criado para ensinar as pessoas a pedalar e orientar aos direitos e deveres dos ciclistas. A técnica de turismo Suelen Moreira é voluntária e explica que participar da rede é “contribuir para oferecer uma nova possibilidade de locomoção para as pessoas”.

 

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