O Plano de Drenagem, criado em 2013, faz parte do Plano Municipal de Saneamento Básico, que inclui também o tratamento de água, esgoto e resíduos sólidos e é executado em ações de curto, médio e longo prazo. De acordo com dados do Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU), em 10 anos, Campo Grande recebeu do Governo Federal mais de 81 milhões de reais para infraestrutura e drenagem. Segundo o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese esses recursos são destinados para diversos pontos da capital. “A gente está sempre em busca de recursos, estamos fazendo agora por exemplo, obras ali na Avenida Ernesto Geisel e no córrego Anhanduí, que contam com investimentos do Governo Federal”.
De acordo com Fiorese, a infraestrutura de Campo Grande é antiga e requer manutenção constante, limpeza das bocas de lobo e dos canais de desassoreamento. O secretário ainda acrescenta que "o diálogo com a Universidade tem sido importante para realizar as ações". Ressalva que “fizemos duas ou três reuniões com esse pessoal e isso é muito importante, eles têm um conhecimento teórico e que nos ajuda muito na busca de soluções para os problemas de drenagem da cidade”.
Segundo o professor Paulo Tarso, inicialmente o projeto teve como objetivo estudar as bacias hidrográficas, em especial a Bacia do Prosa, uma das mais afetadas da cidade. “A gente procura alcançar os dados hidrometeorológicos que são dados de chuva, dados de vazão nos canais, nos rios, entender como é a topografia da região, o uso e cobertura do solo”.
O modelo elaborado pelos pesquisadores é utilizado para gerar um aplicativo e também auxiliar a prefeitura na tomada de decisão de uso e cobertura do solo. A proposta é desenvolver um sistema em tempo real de alerta de cheias, inicialmente chamado de Sistema de Alerta e Previsão de Inundação (SAPI). Todo o processo é realizado por professores e alunos dos cursos de doutorado, mestrado e graduação em Engenharia Civil e Engenharia Ambiental da UFMS e tem parceria com pesquisadores estrangeiros, originários dos Estados Unidos, Alemanha, Itália e Portugal.
Para o professor da Auburn University, em Alabama nos Estados Unidos da América (EUA), José Goes Vasconcelos Neto o trabalho desenvolvido pelo projeto é uma maneira de estabelecer relações entre comunidade e universidade. “A universidade é um tesouro que deve servir a todos os segmentos da sociedade, desde as pessoas mais humildes, que sofrem, por exemplo, no caso de cheias urbanas”. Neto acrescenta que a universidade deve ser sempre parte integrante do processo. “Se forma professores, doutores, mestres, gasta-se muito dinheiro nesse processo, é muita dedicação de todas as pessoas envolvidas, do aluno que se torna doutor, que passa noites sem dormir, estudando, e na hora que o problema surge, todo mundo tem que ser chamado”.
O pesquisador explica que os gastos com drenagem urbana são altos e a aplicação correta dos recursos, como o do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), depende de estudos e pesquisas na área, além de cooperação. “A prefeitura que tenta fazer o possível para manejar com os recursos que tem, a lidar com esses problemas de cheias, as empresas que querem fazer o melhor, mas não sabem como chegar a estes “gols”, e nós, que estamos aqui na universidade, seja nos Estados Unidos, seja aqui no Brasil, na Europa, onde quer que seja. Precisa existir essa parceria muito firme”.