TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Transporte intermunicipal retoma suas atividades durante a pandemia em Mato Grosso do Sul

Empresas de transporte intermunicipal voltaram a funcionar no segundo semestre de 2020

Bianca Tobin, Nathália Alcantara e Taís Wölfert28/04/2021 - 08h38
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O serviço de transporte intermunicipal de Mato Grosso do Sul retomou suas atividades progressivamente no segundo semestre de 2020. De acordo com o Decreto Nº 14.232 os serviços de mobilidade urbana deveriam atender e adaptar suas funções de acordo com as medidas de contenção da Covid-19.  Os protocolos de biossegurança para as viagens incluem aferição de temperatura, distanciamento de um metro e meio entre os viajantes e limite de passageiros dentro dos veículos. 

A Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Mato Grosso do Sul (Agepan) em parceria com Agência Nacional de Transportes Terrestres, concessionária de rodovias em Mato Grosso do Sul, empresas de transporte de passageiros, polícias rodoviárias Estadual e Federal Guarda Municipal, Ministério PúblicoObservatório Nacional de Segurança Viária e governos municipal e estadual, implementaram na segunda fase da campanha do uso do cinto de segurança, o uso de máscara facial durante toda a viagem devido a pandemia. Segundo o diretor da Agepan, Ayrton Rodrigues a norma foi aplicar as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). "No segundo semestre de 2020, aos poucos o serviço foi retomado. A Agência e as operadoras, então, cuidaram de manter o serviço operando de forma mais segura possível”.

Passageiros aguardam na Coopervans do Pantanal.Passageiros aguardam na Coopervans do Pantanal. (Foto: Bianca Tobin)

Este ano o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul sancionou o Decreto Nº 15.638 que estabeleceu novas regras de circulação por tempo determinado e o Decreto Nº 15.644 que instituiu medidas restritivas de circulação de pessoas e veículos. Rodrigues ressalta que ambos decretos incluem o transporte intermunicipal nas operações que podem continuar com limitações. “Os serviços que não estão vedados precisam seguir a limitação de 50% da capacidade instalada e demais medidas de biossegurança”. Rodrigues enfatiza que  o cumprimento das medidas restritivas no transporte legalizado foi efetivo. "Não ocorreu problemas de superlotação ou de ausência de material de higienização”.

A empresa de transportes e viagens ViaTur executa vinte e uma rotas intermunicipais, entre elas Ponta Porã, Três Lagoas e Campo Grande, há um ano e oito meses. O motorista Emerson Guilhermino, que trabalha na empresa, relata que a pandemia teve impacto na sua profissão. “Ocorreu uma dispensa muito grande de funcionários, principalmente de motoristas, que é a frente da empresa e dos funcionários de escritório, a cada dez funcionários acredito que sete foram dispensados. E ocasionou também a perda de clientes”. 

Andorinha, Cruzeiro do Sul, Expresso-Queiroz são exemplos de empresas que operam linhas de transporte e utilizam a rodoviária.Linhas de transporte regulares utilizam os terminais rodoviários . (Foto: Bianca Tobin)

O motorista José Aparecido explica que no início da pandemia somente transportava oito passageiros. “Pouquíssimo serviço, alugo uma van e vendo viagem fechada, passageiros obedecem o que é determinado, máscaras e gel e o motorista é quem  fiscaliza se os passageiros estão seguindo os protocolos”. Guilhermino destaca que as viagens acontecem com 50% da capacidade. “Nosso veículos têm capacidade de 44 lugares, porém, podem viajar 22 passageiros. Um em cada poltrona, independente de ser da mesma família. Algumas cidades no início da pandemia não permitiram a entrada de ônibus. Principalmente, as cidades como Nova Alvorada do Sul, que é uma rota entre Campo Grande e o estado de São Paulo, foi uma rodovia que não permitia a entrada devido ao grande movimento de pessoas”. 

O diretor operacional da empresa de transporte intermunicipal Cruzeiro do Sul, César Possari relata que a demanda para as viagens diminuiu com a pandemia. “Estamos adequando oferta a pouca demanda, caiu muito a procura. O prejuízo do nosso segmento talvez seja um dos maiores juntamente com os shoppings”. Possari afirma que existem seguros específicos tanto para os motoristas quanto para os passageiros com base nas medidas de biossegurança a serem seguidas para o combate a Covid-19. “Os equipamentos para nossos motoristas são entregues a eles, bem como o álcool disponível em todos os veículos, ocorrem desde a sanitização dos veículos, compra de equipamentos que inativam Covid-19 nos banheiros e nos salões dos veículos”.

A servidora pública Ariane Blum fazia viagens nos fins de semana de Rochedo para Campo Grande em 2020, pois trabalhava na capital e morava em Rochedo. Ela afirma que os outros passageiros tinham poucos cuidados com relação à doença. “Eu tinha cuidados normais dessa pandemia, principalmente para quem vai ficar em um ônibus fechado sem abrir as janelas, então eu tentava usar uma máscara mais grossa, mais resistente, passava álcool em gel quando eu entrava no ônibus, nos braços do banco, na mão, tentava não ficar tocando em nada, não tirar a máscara. Como era uma viagem curta eu evitava comer no ônibus e beber água para não tirar a máscara. Os outros passageiros não tinham os mesmos cuidados que eu, então eu me sentia bastante vulnerável”.

A empresa que Ariane Blum utilizava para fazer suas viagens era a Cruzeiro do Sul. Ela relata que as medidas de biossegurança deixavam de ser seguidas tanto pelos passageiros quanto pela própria empresa. “Estava no ônibus, ele estava pegando os passageiros aqui em Campo Grande, então eu vi que tinha muita gente sem máscara. E o ônibus já estava com meia lotação, quando ele parou para pegar mais gente eu levantei e pedi para o motorista conversar com os passageiros e pedir para que colocassem a máscara. E me surpreendi porque ele foi bastante ríspido comigo, bastante grosseiro na frente dos outros passageiros e falou que isso não era trabalho dele, responsabilidade dele e que a máscara é um artigo pessoal e utiliza quem quer. Que se eu quisesse me proteger devia usar máscara, mas que eu não podia obrigar as pessoas a usar e nem ele”.

De acordo com o assistente administrativo Vitor Augusto, que faz viagens com frequência de Campo Grande para Ribas do Rio Pardo, o distanciamento nos ônibus e nas vans acontece de modo inadequado. “Eu acho que apesar de sabermos os cuidados que devemos tomar, teria que ter uma pessoa fiscalizando dentro do ônibus, quem está de máscara, quem não está, quem está tirando, ou de forma incorreta. Porque só o motorista olhar, e quando fecha a porta, ele tem que prestar atenção no trânsito, ele não consegue olhar para os passageiros, não consegue saber o que está acontecendo dentro do ônibus”.

Transporte rodoviário intermunicipal de passageiros de Mato Grosso do Sul
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